ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 03.04.1996.
Aos três dias
do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado,
Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta,
João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton
Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das
Atas da Décima Sétima Sessão Ordinária e da Terceira Sessão Solene. À MESA
foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências;
pelo Vereador Airto Ferronato, 01 Emenda ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
04/95 (Processo nº 2369/95); pelo Vereador Edi Morelli, 01 Pedido de
Informações nº 44/96 (Processo nº 859/96); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 1
Indicação nº 31/96 (Processo nº 877/96); pelo Vereador João Dib, 01 Emenda ao
Projeto de Resolução nº 05/96 (Processo nº 397/96); pelo Vereador Jocelin
Azambuja, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de
Informações nº 43/96 (Processo nº 849/96); pela Vereadora Maria do Rosário, 01
Pedido de Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, 01 Emenda nº 01 ao Projeto
de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95 (Processo nº 2369/95); pelo Vereador Paulo
Brum, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Raul Carrion, 01 Emenda nº 01 ao
Projeto de Resolução nº 43/95 (Processo nº 2379/95); pelo Vereador Reginaldo
Pujol, 01 Pedido de Providências e 01 Indicação nº 30/96 (Processo nº 838/96);
pelo Senhor Prefeito Municipal, 01 Ofício nº 126/96, encaminhando Veto Total ao
Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 20/95 (Processo nº 1892/95) e 01 Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 03/96 (Processo nº 904/96). Do EXPEDIENTE constou o ofício nº
121/96, do Senhor Prefeito Municipal. Na oportunidade, foi aprovado
Requerimento do Vereador Artur Zanella solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares no dia de hoje. Após, nos termos do artigo 100 da Lei
Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Senhor Itair Paulo Gama Linchim, Secretário da Associação dos Amigos do Bairro
Camaquã, que discorreu sobre a poluição originada pela Empresa Avipal S/A na
Zona Sul de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença de
uma comitiva de Vereadores de São Borja, pelos Vereadores Sidnei Gerhardt,
Oneron da Rocha, Eugênio Dutra, João Manoel Bicca e Sérgio Guimarães,
concedendo a palavra ao Vereador Oneron da Rocha, Presidente da Câmara
Municipal de São Borja que saudou os Vereadores da Casa, rememorando os nomes
de destaque nacional na sessão política oriundos de São Borja. Ainda, o Senhor
Presidente registrou a presença do Jornalista Jeferson Lander, também de São
Borja. Às quatorze horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo reabertos às quatorze horas e trinta e sete
minutos, constatada a existência de “quorum”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Luiz Negrinho comentou a carência de segurança pública no Bairro
Cristal, criticando a Administração Pública por esta omissão. O Vereador
Guilherme Barbosa reportou-se ao tema da Tribuna Popular, comentando a poluição
causada pela Empresa Avipal na Zona Sul da Cidade. O Vereador Dilamar Machado discorreu
sobre o problema da poluição pela Empresa Avipal, comentando as soluções
encaminhadas pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa. Às quatorze horas
e cinqüenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo reabertos às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a
existência de “quorum”. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Isaac Ainhorn
teceu considerações sobre o período, que agora completa três meses, em que se
encontra à frente da Presidência desta Casa, discorrendo sobre diversas
atividades desenvolvidas e programadas por este Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Edi Morelli discorreu sobre a desídia da Secretaria Municipal
dos Transportes em promover a sinalização adequada para as paradas de ônibus na
Rua Nízia Floresta. Em PAUTA. Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram: os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 27 e 35/96, o Projeto de Lei do Executivo nº
14/96, discutido pelo Vereador João Dib, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
01/96, discutido pelos Vereadores Décio Schauren, João Verle, José Valdir e
Nereu D’Ávila; em 2ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 17/96.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol comentou as medidas de
liberação do preço do combustível comercializado pelos distribuidores no País
por parte do Governo Federal. O Vereador Pedro Américo Leal comentou o veto do
Governador do Estado à destinação de verbas para o Hospital de Pronto Socorro
em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado. Na ocasião, o Senhor
Presidente registrou a presença na Casa dos Suplentes Darci Campani e Carlos
Machado. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral, 3ª Sessão, estiveram os Projetos de Emenda à Lei
Orgânica nºs 04 e 01/95, discutido pelos Vereadores João Dib, Nereu D’Ávila,
Maria do Rosário, Helena Bonumá, Jocelin Azambuja, José Valdir, Airto
Ferronato, Dilamar Machado, Eloi Guimarães. Por ocasião da discussão do Projeto
de Emenda à Lei Orgânica nº 01/95, a Vereadora Helena Bonumá solicitou que os
apanhados taquigráficos de seu pronunciamento fossem entregues ao Vereador
Jocelin Azambuja de forma a esclarecer o que teria dito, o que foi deferido de
plano pelo Senhor Presidente. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do
Vereador Reginaldo Pujol solicitando seja alterada a ordem de apreciação da
matéria constante nesta Ordem do Dia. Em continuidade, foi aprovado
Requerimento do Vereador Raul Carrion solicitando seja adiada por uma Sessão a
discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 16/96. Em Discussão Geral e
Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 03/96. A seguir, passou-se aos
Requerimentos encaminhados à Mesa. Foi aprovado Requerimento nº 50/96, do
Vereador José Valdir solicitando seja realizada no dia dezoito de abril do
corrente ano uma Sessão Solene em homenagem ao aniversario do Centro dos
Professores do Estado do Rio Grande do Sul. Em votação nominal solicitada pelo
Vereador João Dib, foi aprovado, por dezoito Votos SIM e um Voto NÃO, o Requerimento
nº 58/96 do Vereador Raul Carrion solicitando Moção de Repúdio ao Senado
Federal pelo arquivamento da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o sistema
financeiro nacional, votando Sim os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal,
Pedro Ruas, Raul Carrion e Não o Vereador João Dib. Às dezessete horas e trinta
e quatro minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados
às dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”
e retomada a Ordem do Dia. Em votação nominal solicitada pelo Vereador João
Dib, foi aprovado por quinze Votos SIM e seis Votos NÃO, o Requerimento nº
60/96, de autoria do Vereador Henrique Fontana, solicitando seja veiculado pela
Casa nos três jornais de maior circulação do Estado um “a pedido” em apoio à
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito do sistema financeiro
nacional, Requerimento este que, face à Questão de Ordem suscitada pelo
Vereador João Dib quanto a viabilidade financeira de seu objeto, foi remetido
pelo Senhor Presidente à posterior apreciação da Mesa Diretora da Casa, sobre
este Requerimento, votaram Sim os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta,
João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi,
Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Raul Carrion e Não os Vereadores Dilamar Machado,
João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol. A
seguir, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 02/96 (Processo nº
923/96), atinente à licença do Senhor Prefeito Municipal, apregoada
anteriormente. A seguir, o Requerimento nº 64/94 (Processo nº 845/96), do
Vereador José Valdir, solicitando seja convidada a Senhora Nelcinda Aguirre,
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, para
falar sobre o atendimento prestado às crianças, foi encaminhado à votação pelos
Vereadores Jocelin Azambuja, José Valdir, Reginaldo Pujol, Nereu D’Ávila e
Maria do Rosário, deixando de ser votado face à inexistência de “quorum”. Às dezoito
horas e vinte e quatro minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Mário Fraga, Edi
Morelli, Reginaldo Pujol e secretariados pelos Vereadores Fernando Záchia e
Milton Zuanazzi, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
ERRATA
ATA DA DÉCIMA
NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA
LEGISLATURA, EM 03.04.1996.
- Quando do
início da ORDEM DO DIA, onde se lê “(...)Em Discussão Geral, 3ª Sessão,
estiveram os Projetos de Emenda à Lei Orgânica nºs 04 e 01/95(...)”, leia-se
“(...)Em Discussão Geral, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica
nº 01/95(...)”.
- Durante dos
registros da ORDEM DO DIA, deve ser alterado o número do Requerimento referente
ao Processo nº 845/96, de “64/94” para “64/96”.
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli) : Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
O Sr. Itair Paulo Gama Linchim, representando a Associação dos Amigos
do Bairro Camaquã, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. ITAIR PAULO GAMA
LINCHIM: (Saúda
os componentes da Mesa.) Na condição de representante da comissão comunitária
do caso AVIPAL, formada pelos membros do Fórum Centro-Sul, quero
cumprimentá-los e também agradecer a esta Casa por nos garantir este espaço na
Tribuna Popular, onde vimos denunciar o grave contexto de poluição ocasionado
pela empresa AVIPAL, na Zona Sul de Porto Alegre. Antes mesmo de sua
instalação, na Avenida Cavalhada - sua unidade lá instalada começou a funcionar
na década de 70 -, os moradores da região já haviam se manifestado contra a sua
instalação, sem, contudo, terem sido ouvidos.
Até os anos de 1982 e 83, quando a SMAM e a FEPAM, motivadas por
reclamações, passaram a atuar, nada fora feito para disciplinar os passos da
empresa. Segundo técnicos desses órgãos, a poluição gerada tem duas componentes
principais. A primeira delas, do tipo atmosférica, causada por um setor chamado
“graxaria”, encarregado do processamento de penas e vísceras para o fabrico de
ração, e que origina odores incômodos. Temos também o setor de caldeiras, que
produz fumaça preta. Por fim, a componente hídrica que advém da lavagem de
pisos e limpeza de animais no processo de abate. Este efluente, além de mau
cheiro, apresenta grande concentração de gordura, o que torna seu tratamento
bastante complexo.
Em seu primeiro contato com a Avipal, a SMAM constatou a existência de
sistema de tratamento de odores e estação de tratamento de efluentes líquidos
sub-dimensionada.
Na década de 80 a FEPAM licenciou a Empresa a abater um limite máximo
de 35.000 aves/dia, mas já em 1987 ela transgredia, ultrapassando este limite.
Sua produção continuou crescendo desautorizadamente, até que em 1992,
depois de receber um cem números de autos de infração de ambos os órgãos, a
SMAM lhe exigiu a construção de uma nova estação de tratamento de efluentes
líquidos, compatível com um abate de 100 mil aves/dia.
Esta estação, que começou a funcionar em agosto de 1994, até hoje não
operou satisfatoriamente. Em 18 de novembro de 1994, a FEPAM decidiu interditar
a avícola por ela produzir acima de 35 mil aves. Um mandado de segurança
preventivo impediu que isso fosse levado a efeito.
Recentemente, em 4 de janeiro de 19996, a Fundação e o Ministério
Público tiveram deferimento de liminar oriunda da ação cível pública
solicitando a redução do abate. A medida se prolongou até 8 de janeiro de 1996,
quando novo mandado de segurança restabeleceu a produção ao nível de 100.000
aves/dia.
Isto posto, a comunidade deseja fazer as seguintes considerações:
Em primeiro lugar, homenagear a FEPAM e o Ministério Público pela
determinação e pelo êxito obtido ao se restabelecer no último dia 27 de março a
liminar que reduz o abate ao valor originalmente licenciado.
Outrossim, dizer que, apesar de minimizar a poluição, essa restrição
não nos parece ser a efetiva solução do problema, a qual está diretamente
ligada à eficácia do sistema de tratamento de efluentes; lembrar, também, de
que a AVIPAL é muito hábil no terreno jurídico, tendo, nos últimos tempos,
conseguido reverter as medidas que lhe foram impostas; salientar o fato de que
a empresa é possuidora de um discurso angelical, mas cujos atos distoam, por
completo, da imagem que querem passar, que pregam o respeito e o interesse em
colaborar com as autoridades fiscalizadoras e, ao mesmo tempo, traiçoeiramente,
constroem um desvio oculto, que jogam seus efluentes “in natura” nas águas do
Arroio Cavalhada e no Rio Guaíba, comprometendo o abastecimento de água,
onerando os cofres públicos e gerando temores quanto a eventuais riscos à
saúde. Dizem desejar agir em parceria com as comissões de moradores, mas
apresentando a seus membros, leigos que são, versões e justificativas técnicas,
severamente contraditadas pelos órgãos competentes. Essa Empresa, que na fala
de seu representante, o Médico José Antonio Piantá, tem boa-vontade de
trabalhar no sentido de sanar os problemas é a mesma que diz não haver
interesse imediato nas certificações de qualidade ISSO 9000 e, sobretudo a ISSO
14000, justo a que trata da boa convivência com o meio ambiente.
Queremos alertar para o fato de que as discussões muito têm girado em
torno da estação de tratamento de efluentes líquidos, tendo ficado sempre à
margem a problemática do setor de graxaria, principal fonte do mau cheiro. É
preciso evidenciar que a dissimulação se estendeu ao longo de anos, estruturada
no cíclo, que começou com o aumento irregular da produção, que veio a exigir
contratações as quais, por seu turno, serviram de argumento, inclusive na
Justiça, para se manter a elevada taxa de abate. Como num jogo, os funcionários
são o escudo que a avícola utiliza para se defender. Atribuindo às autoridades
fiscalizadoras e à comunidade a condição de culpados pelas eventuais demissões,
quando, na verdade, os erros e suas possíveis conseqüências são a sua própria
responsabilidade. Por fim, ficamos sabendo que a AVIPAL pagou uma equipe para
elaborar um relatório de impacto ao meio ambiente, conhecido como EIA-RIMA.
Queremos saber se esse é o procedimento correto. Não teria esse relatório que
ser encomendado via juízo ou por um mediador isento ou mesmo uma comissão
tripartite? A Comissão Comunitária do caso AVIPAL tem-se debruçado sobre essas
e outras questões, não só em seu próprio âmbito, como também coletivamente sob
a forma de grupo multidisciplinar que tem contado com a presença de membros da
FEPAM, SMAM, DMAE, vigilância sanitária, Conselho Municipal de Saúde e da
própria Câmara de Vereadores. Ao encerrar, necessito dizer que precisamos de
apoio dos Srs. Vereadores como um todo nessa complexa negociação que exige
pressão política e popular. Trata-se da defesa dos interesses de uma vasta
comunidade que há anos suplica por providências sem obter êxito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella
solicita licença no dia de hoje, 03.04.96, para tratar de assuntos de interesse
particular.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Artur Zanella.)
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Esclarecimento) : Sr. Presidente, gostaria de fazer um esclarecimento que considero
importante, enquanto Presidente da Comissão de Saúde, tendo em vista a nossa
Tribuna Popular desta tarde. É para esclarecer que, considerando da maior
importância a vinda da Associação dos Amigos do Bairro Camaquã, que esta Casa
também está acompanhando esta questão através da Comissão de Saúde e das
Comissões de defesa do Consumidor, tendo feito uma audiência pública na
Comissão de Saúde e tendo feito uma visita à empresa com os Vereadores das duas
Comissões porque nós também consideramos que essa questão da poluição produzida
pela Avipal atinge uma parte importante da população de Porto Alegre.
O SR. JOSÉ VALDIR
(Requerimento) : Sr. Presidente, eu requeiro, nos termos do Regimento, que seja
invertida a ordem dos trabalhos para permitir a votação dos Requerimentos e o
meu, um dos quais, que está desde o dia 22 e não consegue ser votado e, se
demorar muito, ele vai perder o objeto. Solicito a inversão quando entrarmos na
Ordem do Dia, que sejam votados primeiramente os Requerimentos.
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar a
presença do Ver. Oneron da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de São Borja e
membro da Bancada do PDT; do Ver. Sidnei Gerhardt, da Bancada do PPB; do Ver.
Eugênio Dutra, da Bancada do PPB e Vice-Presidente da União dos Legislativos da
Fronteira Oeste; Ver. João Manoel Bicca, da Bancada do PMDB; e do Ver. Sérgio
Guimarães, da Bancada do PDT.
Convidaria os Vereadores da delegação de São Borja para adentrarem ao
Plenário e o Presidente da Câmara de São Borja para fazer parte da Mesa.
É uma satisfação receber esta delegação de Vereadores da Cidade de São
Borja. Sabemos da luta destes em defesa da economia da Fronteira Oeste do
Estado. Sabemos ainda da crise econômica que atravessa o setor primário do
Estado com as diversas medidas que vêm sendo tomadas, cuja triste realidade é a
penalização do setor básico da nossa economia.
Esta Casa tem tido uma posição muito presente com relação a esses
acontecimentos e já reuniu aqui neste Plenário Prefeitos da Fronteira Oeste que
fizeram uma exposição da crise econômica que avassala aquela Região do Estado,
onde, infelizmente, o desemprego é a grande realidade social que aquelas
Cidades de São Borja, Itaqui, Santiago, Bagé, Alegrete e Dom Pedrito vêm
enfrentando. Portanto, recebam a nossa solidariedade e o apoio desta Casa, e
deste trabalho integrado sobretudo dos Vereadores. Nós temos consciência disso,
na medida em que os Vereadores são aqueles que têm um contato mais direto, na
condição de homens públicos, com os problemas que atravessam aquelas
comunidades.
Registramos também a presença entre nós do Jornalista Jeferson Lander,
que acompanha a comitiva de São Borja.
Com a palavra, o Presidente da Câmara Municipal de São Borja, Ver.
Oneron da Rocha.
O SR. ONERON DA ROCHA: Sr. Presidente do Poder
Legislativo da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, particular amigo Isaac
Ainhorn, Mesa Diretora dos trabalhos desta Casa do povo, colegas Vereadores das
diversas bancadas que compõem este Parlamento, serventuários municipais,
Senhores e Senhoras. Para nós homens da fronteira, homens rudes do trabalho que
é a nossa querida e legendária São Borja, terra que engrandeceu tanto o Brasil
por tão ilustres nomes que de lá saíram como Getúlio Vargas, João Goulart,
Aparício Mariense e tantos outros que se destacaram na vida nacional,
principalmente na política, defendendo o nosso País nos atos constitucionais,
com fé e devoção para nós, Sr. Presidente, homens que conhecemos a nossa comunidade,
principalmente a situação que V. Exa. já transmitia das dificuldades que a
nossa Fronteira Oeste vem atravessando, e nós agentes políticos temos um
compromisso com aquela comunidade sofrida, numa região que vive,
principalmente, da produção do arroz. Sabemos que hoje o Brasil atravessa
grandes dificuldades financeiras e afeta, principalmente, a nossa Região que é
a metade Sul. Através da imprensa nacional os Senhores estão convivendo no
dia-a-dia com as dificuldades que àquela Região está passando.
É uma grata satisfação estarmos
no convívio de tão ilustres políticos do Estado do Rio Grande do Sul, como
posso falar de nossos amigos-Vereadores, Dilamar Machado, Nereu D’Ávila, Isaac
Ainhorn, o nosso Presidente, homem que tem vínculo, laços de família em São
Borja, mais Jocelin Azambuja, Pedro Américo Leal e tantos outros. É uma
satisfação muito grande, em nome do Legislativo de São Borja, uma honra
estarmos no convívio com vocês. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos as manifestações
da Câmara Municipal, e reiteramos a nossa honra em receber este conjunto de tão
ilustres Vereadores e representantes de todos segmentos do pensamento político
da Cidade de São Borja. Foi uma verdadeira demonstração de entendimento do pluralismo
na defesa dos interesses do Estado e da economia primária do nosso Estado.
Suspendemos os trabalhos para as despedidas dos colegas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn - às 14h37min.) : Estão reabertos os trabalhos.
O Ver. Luiz Negrinho está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, venho a esta tribuna para mais uma vez falar e tentar, de alguma
maneira, que a cidade, o Estado tome conhecimento do que está havendo no Bairro
Cristal. Havia feito uma promessa aos funcionários do meu gabinete de que hoje
viria armado para a Sessão e colocaria o revólver em cima desta mesa.
Por quê? Porque, no dia 06 de março, fiz um Pedido de Indicação ao Sr.
Governador do Estado dizendo e citando as ruas que estão com um índice de
criminalidade muito grande, entre elas a Rua Capivari. E, para a minha
tristeza, no dia 1º, quando estava chegando na minha residência, em torno das
19h30min., havia um tiroteio a menos de 40m da minha casa. E, lá, naquele
momento, um grupo de assaltantes, divididos em dois, estavam assaltando dois
minimercados, o Lopes e o Nunes. A “Zero Hora” estampou e o “Correio do Povo”,
no dia de hoje, mostra o porquê que aquele trabalhador foi fuzilado naquele momento.
Foi porque ele apenas reconheceu um dos assaltantes.
Ontem, na reunião da Mesa, pedi aos nossos colegas que procurássemos
tomar alguma atitude para que possamos, em conjunto, diminuir o que está
ocorrendo na nossa Cidade e, principalmente, no Bairro Cristal. Solicitei uma
cópia do processo dando ao Comando da Brigada Militar, dando ao Sr. Governador
e dando ao Secretário de Segurança do Estado os locais onde estão acontecendo
as coisas e nada é feito. Não basta vir a esta tribuna e tentar demonstrar a
minha rebeldia contra esta situação. É o que posso fazer. Este governo, que eu
tanto admirei e tanta amizade tenho pelo Governador está-se mostrando
incompetente para administrar a
Segurança no nosso Estado. Quantas mortes mais precisamos no bairro Cristal
para que lá seja implantado um sistema para dar segurança aqueles moradores? A
semana passada, foi um vizinho; na retrasada foi um colega; na 2ª feira, um
amigo trabalhador. Amanhã ou depois, pode ser um filho meu, pode ser um irmão
meu e, quem sabe, eu e nada está sendo feito.
Deixo isso registrado nos Anais desta Casa e por alguma infelicidade,
por alguma tragédia, alguma coisa acontecer a este Vereador, porque já não sei
mais o que fazer. Sei os riscos que corro toda vez que chego em casa depois da
1, 2 horas, porque sou obrigado a entrar na vila. Moro dentro da vila, com
orgulho, e dali não pretendo sair, porque ali me criei, ali fiz minha vida, ali
estudei e ali montei toda a minha vida e dali não vou sair. Agora, precisamos,
urgentemente, que o Governo do Estado faça alguma coisa, porque não basta ir
para a televisão e dizer que o Rio Grande está-se desenvolvendo; só vai se
desenvolver quando nós tivermos segurança e pudermos andar na rua e mandar os
nossos filhos para a escola. Tirei um irmão meu que estudava à noite, porque
foi assaltado 3 vezes. Sempre digo: nunca reaja! Deixe ele levar o que
quiser, porque uma vida não tem preço. Agora, pergunto mais uma vez: quantas
vidas mais o bairro Cristal precisa dar para que seja tomada uma Providência?
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa,
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uso o espaço de Liderança para me manifestar sobre a Tribuna Popular
e o assunto trazido pelo companheiro e amigo Itair de uma associação da região
atingida pela atividade da empresa Avipal.
Desde o início dessa mobilização que a população tem feito, tenho dito
que da minha parte e, com certeza, da parte dos trinta e três Vereadores da
Câmara de Porto Alegre queremos que a empresa mantenha o abate de cem mil aves
por dia, quem sabe até amplie esse abate para duzentas mil aves por dia, mas
que não há nenhuma contradição em que esse alto abate seja feito protegendo o meio
ambiente e à saúde das pessoas.
No entanto, depois de várias discussões, duas reuniões com a presença
da direção da empresa, em seguida uma visita que se fez à COSMAM com a Comissão
de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor na empresa Avipal, uma coisa fica
muito clara para todos nós, em primeiro lugar a forma irresponsável e a falta
de respeito ao meio ambiente e à saúde das pessoas e, por último, uma atrasada
forma de gerenciamento que tem a Avipal. De forma ilegal, como bem disse o
Itair em seu discurso, a empresa que tinha autorização para abater trinta e
cinco mil aves por dia, aumentou o seu abate para cem mil aves sem ter
autorização dos órgãos públicos. Depois dessa ampliação, sem a devida
preparação interna de equipamentos e treinamento de pessoal, trouxe de impacto
à população. Houve, então, uma mobilização da comunidade, que começou a
pressionar os órgãos públicos. No final dos anos 80 é que a Empresa saiu
correndo para se equipar pelo menos para tratar seus afluentes líquidos. Depois
de 18 meses, a Empresa não consegue operar como devia esse equipamento. E, como
se não bastasse, constrói, também de forma ilegal, um desvio que, segundo a
SMAM, levava, durante duas horas por dia, seus afluentes com alto teor de
gordura e graxa direto para as águas do Arroio Cavalhada e, depois, para o
Arroio Dilúvio.
Mas, com certeza, o problema maior está em outro setor chamado
“Graxaria”, onde são transformadas as partes não consumíveis das aves em ração.
Novamente se percebe o mal gerenciamento desse setor da Empresa, pois,
dependendo do operador, é liberada no ar uma maior ou menor quantidade de gases
que, dependendo da direção do vento, atingem diferentes regiões daquela grande
zona que cerca a Avipal.
Ora, a alegação dos diretores responsáveis por essa área é que, se
reduzirem o abate, vão ter que demitir. Como se a comunidade atingida dentro da
sua casa fosse a culpada pelos problemas que a Avipal causa!
A técnica de tratamento dos afluentes líquidos e gasosos é antiga e
conhecida. O que falta é seriedade à Empresa, é treinar o pessoal e fazer
investimentos. Sabemos que não faltam recursos financeiros à Avipal. Portanto,
“O Gosto pela Qualidade”, que é o “slogan” dessa Empresa, não tem nada a ver
com a realidade.
A comunidade quer, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente quer e a
Comissão de Direitos Humanos quer que a Avipal continue abatendo 100.000 aves
por dia, mas que projeta o meio ambiente e que não infernize a vida das pessoas
dentro das suas próprias residências. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, acho que raramente o uso da nossa Tribuna Popular foi tão
eficiente, tão adequado, tão oportuno quanto a vinda do Sr. Itair Paulo, aqui
representando a comunidade do Bairro Camaquã, e, particularmente, o fórum da
zona sul. A clareza com que ele coloca o problema capacita a Casa a buscar, de
forma civilizada, e, acima de tudo, adequada a uma realidade social, aquilo que
a comunidade da zona sul reclama. É evidente que não estamos diante de uma ação
delituosa ou bandoleira nem da comunidade nem da empresa, estamos diante de um
conflito claro entre a necessidade, como levantou em seu discurso o
representante da Associação do Bairro Camaquã, da necessidade de que os
moradores daquele bairro tenham um mínimo de qualidade de vida; que não tenham
poluição ambiental, que não tenham mau cheiro em suas residências, e que não
vejam os seus riachos, córregos e o Rio Guaíba poluídos pela ação de uma
empresa privada. Por outro lado, temos a necessidade óbvia da produção. Daquela
carne de corte - que é o frango - que veio, nos últimos anos, Ver. Paulo Brum,
para equilibrar o preço de algo que é fundamental na mesa de todos nós. Lembro-me,
quando menino, no interior do Estado havia um ditado que dizia: “Pobre, quando
come galinha, um dos dois está doente!” Ou a galinha estava doente ou o pobre
estava doente.
Hoje, é um produto de consumo praticamente geral, mais acessível às
camadas mais pobres da população. Aí está o conflito, a AVIPAL produz porque
tem mercado, emprega gente, obviamente que emprega; não deve, é uma atitude no
mínimo deselegante se a empresa faz ameaças à comunidade dizendo que se
continuarem a incomodar a empresa fecha e desemprega todos. Não é uma atitude
correta e não me parece adequada às tradições da Empresa Avipal. Agora, é
preciso encontrar um caminho; e se encontra. Tenho uma dúvida - queria me
socorrer do Ver. Giovani Gregol, que é o nosso guru ambientalista da Casa - de
como funciona essa história de EIA-RIMA. Parece-me, s.m.j., ou é um equívoco
meu, que é um direito da empresa encomendar um estudo, um relatório de impacto
ambiental. V. Exa. falou em comissão tripartite, ou através do juízo. Mas não
me parece que seja essa a necessidade, até porque ou o relatório de impacto
ambiental é uma coisa séria, honesta e vai definir até que ponto aquela
atividade polui o meio ambiente ou não, ou é uma farsa, uma picaretagem e aí,
também, estaríamos diante de algo totalmente incompatível com qualquer tipo de
negociação.
A vinda de V. Exa. a esta Casa é importante. Os Vereadores precisam
viver a vida de Porto Alegre. Já ouvi aqui assuntos que interessam a Brasília,
a São Paulo, à Bósnia, à Chechênia. Precisamos encontrar uma solução. Como
vamos encontrar essa solução? Confiando em que a FEPAM é um organismo sério, e
é sério; confiando em que a Secretaria é competente, confiando que a Empresa
Avipal deseja uma política de boa vizinhança. Por isso acho que levantar a questão
da forma foi feita é importante. Já foi comunicado que comissões permanentes da
Casa estão trabalhando no assunto. Gostaria de me colocar à disposição da
comunidade, todos nós Vereadores da Casa, porque ainda acredito no diálogo.
Sempre acreditei e morrerei acreditando no diálogo. No grito não se ganha nada.
Quem tem razão não grita: fala, dialoga, negocia. Espero que com todo esse
movimento da comunidade em breves dias, em breves semanas V. Exa. possa voltar
a esta Casa em nome da comunidade da Zona Sul e dizer: estamos respirando bem
finalmente, porque finalmente os equipamentos necessários foram instalados e
tudo está em paz Zona Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós suspendemos os trabalhos
para as despedidas. Mais uma vez, reiteramos a satisfação de tê-lo recebido
neste espaço democrático da Casa, a Tribuna Popular.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h55min.)
O SR. PRESIDENTE (às
14h56min.) : Estão
reabertos os trabalhos. Solicito ao Ver. Edi Morelli que assuma a Presidência
dos trabalhos para que este Vereador possa o tempo de Presidência.
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli) : Coma
a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn em Comunicação de Presidente.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós, nesta oportunidade, assomamos à tribuna desta Casa por ocasião
do momento em que esta Mesa Diretora, no dia de amanhã, completa três meses de
trabalho à frente deste Legislativo Municipal. Gostaríamos, dentro desta
manifestação, em primeiro lugar , de fazer um registro, em nome da Mesa
Diretora, da nossa satisfação, do nosso orgulho na condução dos trabalhos desta
Casa nestes três meses - Janeiro, fevereiro e março -, procurando, e sabem os
Srs. Vereadores as responsabilidades em relação à condução dos trabalhos de
natureza legislativa, de natureza administrativa, que diariamente chegam ao
Presidente e ao conjunto dos Srs. Vereadores. Nós gostaríamos, nesta
oportunidade de ressaltar, do ponto de vista político, a importância do apoio
desta Casa que, por unanimidade, aprovou a constituição de uma comissão
especial com o objetivo de discutir, em todos os seus aspectos, a
institucionalização do Orçamento Participativo. Este foi um posicionamento de
natureza política, Ver. José Valdir, da maior importância, que teve - justiça
seja feita - o apoio democrático da bancada de V. Exa. para que se pudesse
discutir a questão.
Gostaríamos também de fazer o registro e dar conhecimento aos Srs.
Vereadores de que temos, além dos eventos já realizados nesta Casa,
especialmente da abertura solene dos trabalhos da presente sessão legislativa,
temos já marcadas duas datas. Uma delas, no dia 2 de maio, em que a Câmara
marcará 10 anos de sua presença aqui neste prédio, ocasião em que teremos
oportunidade de lançar uma obra comemorativa aos dez anos da nossa presença no
novo prédio. Uma obra com poesias e fotos, e com uma exposição fotográfica no
saguão desta Casa de Porto Alegre, sem nenhum custo para esta Câmara. Isso será
feito no próximo dia 2 de maio, já temos a data marcada e o convite já está sendo
formulado para as vinte e três Câmaras de Vereadores da Região Metropolitana
para a realização do 1º Encontro de Mesas Diretoras das Câmaras Municipais da
Região Metropolitana, dando cumprimento a dispositivos da Lei Orgânica de Porto
Alegre. Evento este que se realizará das 9h às 13h do dia 21 de maio e que
estará aberto a todos os Srs. Vereadores desta Casa.
Gostaríamos também, por ocasião desta nossa manifestação, de fazer o
registro de um importante instrumento que a Mesa Diretora promulgou no dia de
ontem, estabelecendo um posicionamento de abertura dessa Casa, por ocasião dos
seus dez anos, a toda sociedade organizada da Cidade de Porto Alegre. E,
justiça se faça, porque se esta Mesa está tendo condições de operacionalizar
essas atividades, é mercê do reconhecimento que se deve fazer às demais Mesas
que vêm atuando e dando estrutura a essa Casa, apesar de todos os problemas que
ainda temos, na estrutura física desta Casa, mas vem dando uma estrutura capaz
de estar respondendo às necessidades da sociedade e da comunidade como um todo.
Dezenas de atos e de eventos políticos, comunitários e religiosos já foram
realizados nesta Casa, neste ano. Esta Casa - e isso é uma continuidade de um
trabalho que está sendo feito, - não tem cessado no seu trabalho permanente de
abertura à comunidade. E é dentro dessa ótica, Sr. Presidente dos trabalhos e
Srs. Vereadores, que no dia de ontem promulgamos a resolução de número 147 que,
em linhas básicas, cria um novo instrumento jurídico, político e comunitário da
maior importância para a Cidade de Porto Alegre e que, certamente, servirá de
exemplo para outros Legislativos, quer seja em nível estadual e também federal.
O art. 1º desta Resolução estabelece o seguinte: “Fica instituída, como forma
de divulgação específica dos trabalhos da Câmara Municipal, a comunicação
periódica a entidades da sociedade civil que o desejarem, a relação dos
projetos e seus autores em andamento no Legislativo do Município, bem como o
envio de cópia dos mesmos às entidades que as solicitarem. Artigo 2º: Os
procedimentos instituídos no artigo anterior serão formalizados através de
convênios a serem firmados pela Câmara Municipal com as entidades mencionadas,
especificando esses expedientes a operacionalização das comunicações da nova
forma de divulgação.”
Essa resolução foi firmada no dia de ontem por todos os membros da Mesa
Diretora por ocasião da sua reunião semanal.
Temos sentido muitas vezes que diversas leis oriundas do Legislativo
Municipal têm chegado à sociedade e muitas vezes com a afirmativa de que não
conheciam, não sabiam que esta lei estava tramitando na Câmara de Vereadores.
E ontem, quando presidíamos a reunião do Conselho de Cidadãos Eméritos
de Porto Alegre, nos observava o ex-deputado federal, Vitor Faccioni que esta
também era uma realidade que enfrentava a Câmara Federal.
E encontramos, através desse mecanismo de divulgação, através de uma
sinopse de todos os projetos que estejam tramitando nesta Casa, com a
respectiva autoria, quer seja do Legislativo, e a referência ao Vereador, bem
como os projetos oriundos do Poder Executivo, a todas as entidades da sociedade
civil que assim o desejarem. Nós já temos solicitações de diversas
instituições, como a OAB, Seccional do Rio Grande do Sul; SINDUSCON, Sindicato
dos Trabalhadores da Construção Civil; Sindicato dos Bares e Restaurantes da
Cidade de Porto Alegre, que já estão solicitando o entrosamento para viabilizar
este convênio no seu curto tempo de existência, de um dia, desta Resolução. E
este instrumento não é do Vereador “a” ou “b”, mas de toda a Casa, de todos os
Srs. Vereadores pelas suas ligações e seus contatos com a sociedade organizada.
Porque esta, efetivamente, é uma conduta reconhecidamente da democracia
representativa e não de diminuição dos Vereadores e da democracia representativa.
Nós estamos fazendo uma interação entre a sociedade civil organizada e a Câmara
de Vereadores, instrumento maior da representação política da Cidade de Porto
Alegre. Não há forma maior de representação da sociedade democrática na Cidade
do que o Legislativo Municipal, do que os Srs. Vereadores, como dos Deputados
Estaduais e Federais em nível estadual e federal. Sim, através desse
instrumento acreditamos que, por exemplo, se a Vera. Maria do Rosário é autora
de determinado projeto e uma instituição vê o projeto da Vereadora e pede uma
cópia do projeto, então estaremos permitindo uma interação da sociedade civil,
do sindicato, da associação comunitária, do clube de mães, e de qualquer outra
instituição, que venha aqui para a Câmara de Vereadores discutir com seus
representantes populares o caminho daquele projeto.
Nós, sinceramente, acreditamos que esse instrumento, embasado na
Resolução nº 147, fortalece a representação parlamentar, fortalece o Vereador,
porque todo e qualquer Vereador poderá solicitar à Mesa a celebração de
convênio com uma entidade da Cidade para que receba a sinopse dos projetos, que
estejam tramitando na Cidade, e cópias dos projetos, que interessam sobre eles
se manifestar ou sobre eles tomar conhecimento. Ninguém poderá, em momento
algum, alegar o desconhecimento de um projeto que tramitou nesta Casa, porque
assim faremos uma verdadeira interação mais sólida e mais profunda, além
daquelas que já existem nas raízes da Câmara de Vereadores com a sociedade.
Nós temos a certeza de que estamos contribuindo para o aperfeiçoamento
da democracia representativa em nossa Cidade. Esta é uma manifestação breve, um
relatório sucinto daquelas atividades, que estamos desenvolvendo à frente da
Câmara de Vereadores nesses três meses de nossa Mesa Diretora. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga) : O
Ver. Edi Morelli, em Liderança.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é uma pena que o Ver. Luiz Negrinho não está no Plenário, mas deve
estar me ouvindo no gabinete. Quero dizer a ele que não há só um fora-da-lei
que agride e que comete crimes contra a humanidade. Os governos também cometem
crimes contra os munícipes. Eu solicitaria ao Vereador Líder da Bancada do PT,
Henrique Fontana, a quem tenho um respeito muito grande, mas, infelizmente, as
ex-lideranças não conseguem responder pelo Governo. Eu fui iludido pelo chefe
do Governo do PT, Prefeito Olívio Dutra, e na oportunidade pelo Sr. Hélio
Corbellini, e estou aguardando até hoje que eles cumpram a palavra comigo. Eu
pensei que tivesse mudado. Mudaram os nomes, porque a falta de respeito e o
não-cumprimento da palavra continuam a mesma coisa. Queria que ficasse
registrado o não-cumprimento da palavra do Sr. Secretário da Fazenda do
Município. Quando se assume a palavra deve-se ter consciência de que possa ser
cumprida, não é o caso do Governo Municipal. V. Exa. e o meu querido Adaucto
sabem ao que me refiro. Quando algum Vereador vem a esta tribuna, cito o
exemplo do Ver. João Dib, e diz que gastam fortunas na mídia dizendo mentiras,
é uma realidade. Fiz um Pedido de Providências para que fosse colocada uma
placa de “Parada” na rua Nízia Floresta, porque tem a parada de embarque e
desembarque nos dois sentidos - bairro/centro - centro/bairro na esquina; no
início da rua, e tem a parada de embarque e desembarque nos dois sentidos
centro/bairro - bairro/centro no fim da rua. Na metade da rua tem parada
somente no sentido bairro/centro - Por que? Porque existe poste da CEEE naquela
calçada e no poste da CEEE está pregada a placa de parada do ônibus. Faz dois
meses que eles não colocam a parada, e dito por funcionário da SMT, porque eles
não têm material, não têm aquele cano para fixar a parada. Ora, esse é o meu
descontentamento com o PT. O discurso é uma coisa e a prática é outra,
diferente, principalmente no cumprimento da palavra empenhada. (Aparte
anti-regimental do Ver. Wilton Araújo.) Não dá, V. Exa. tem ração. Eu pensei
que a coisa tinha mudado, mas não mudou, continua a mesma. O Sr. Olívio Dutra
não cumpriu a palavra comigo, o Sr. Tarso Genro também não está cumprindo. Eu
vou voltar a este assunto novamente, nesta tribuna, em outra oportunidade.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 0650/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/96, de autoria da Vera. Maria do
Rosário, que denomina Rua Portal dos Pinheiros um logradouro irregular
localizado na Lomba do Pinheiro.
PROC. 0778/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/96, de autoria do Ver. Milton
Zuanazzi, que autoriza a destinação de áreas específicas em locais públicos
para a fixação de fotos de crianças desaparecidas.
PROC. 0810/96 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/96, que cria e extingue cargos
de Provimento Efetivo no Plano Classificado de Cargos do Departamento Municipal
de Água e Esgotos. (Motorista, Operador de Máquinas Especiais e Operário)
PROC. 0603/96 -
PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/96, de autoria do Ver. José
Valdir, que altera o § 2º do Art. 50 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre. (participação popular nas etapas que envolvem o orçamento da CMPA)
2ª SESSÃO
PROC. 0546/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 017/96, de autoria do Ver. Paulo
Brum, que torna obrigatório o trânsito com faróis baixos ligados dos veículos
automotores de qualquer categoria, nas vias públicas do Município de Porto
Alegre, durante o dia.
O SR. AIRTO FERRONATO
(Questão de Ordem) : No ano passado, tivemos um número demasiado de Questões de Ordem; e,
com relação ao cumprimento do Regimento Interno, tenho acompanhado essa
avalancha de inscrições relativamente à discussão de projetos de Pauta. Na
esmagadora maioria de manifestações de projetos de pauta, não se tem tratado
dos projetos em pauta, ou tem-se tratado muito pouco. Temos que cumprir o
Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Este Vereador não concorda
com a sua afirmação. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra. Ausente. O
Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, gostaria de falar sobre a alteração da Lei Orgânica do Município,
proposta pelo Ver. José Valdir. A proposta altera o parágrafo 2º do art. 50 da
Lei Orgânica do Município que trata da participação popular nas etapas que
envolvem o orçamento da Câmara Municipal. Entendo que o debate sobre o
Orçamento Participativo vem em boa hora e fez com que até muitos Vereadores,
que não conheciam o Orçamento Participativo, pudessem conhecê-lo melhor. Seria
importante que todos os Vereadores participassem das plenárias do Orçamento
Participativo e fizessem contato com a população para saber a importância que
ela dá a esse Processo.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato
mencionou que ninguém falava sobre o assunto; agora, V. Exa. levou o assunto
para o Orçamento Participativo do Município. Por gentileza!
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, estou
discutindo o Projeto de participação da população no Orçamento da Câmara de
Vereadores e já vou chegar lá. Estou debatendo o assunto. É importante que
muitos Vereadores tenham-se dado conta de que o Orçamento Participativo é um
patrimônio da Cidade, e espero que eles sejam sinceros ao afirmar isso, que não
seja mera tática ou mero discurso, porque, quando alguns Vereadores dizem que o
Orçamento Participativo é um patrimônio da Cidade, que é importante a
participação popular na sua elaboração, isso não está acontecendo aqui na
Câmara Municipal de Porto Alegre, ou seja, a elaboração do Orçamento da Câmara
com a participação popular. Quando a Auditoria diz: “Ocorre que tal
participação já está garantida no parágrafo 1º do art. 116 da Lei Orgânica, eis
que a Câmara Municipal inclui-se como unidade orçamentária no Orçamento Geral
do Município”. Se isso for verdade, a Câmara Municipal está descumprindo o que
está no art. 116. Há, no mínimo, uma contradição aqui. Ou se elabora o
Orçamento da Câmara com a participação popular, ou então, no mínimo, essa
participação não está tão garantida assim como diz a Auditoria. Por isso, acho
correto que o Ver. José Valdir apresente essa Emenda à Lei Orgânica. Vamos ver
se para a Câmara vale a mesma coisa que para a elaboração do Orçamento
Participativo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Verle está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO VERLE: Em Pauta na 1ª Sessão Proc.
0603/96 - Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/96, de autoria do Ver. José
Valdir, que altera o § 2º do Art. 50 da Lei Orgânica. Ou seja, ele propõe que
na Câmara também tenhamos a participação popular no orçamento e, evidentemente,
no acompanhamento. A Consultoria da Casa entende que o Art. 116 já inclui a
Câmara, e também tenho uma certa inclinação por essa posição, de que,
efetivamente, não se faz uma distinção entre os poderes na elaboração do
orçamento, senão que a Câmara elabore o seu e o Executivo, por outro lado,
elabore a parte que lhe corresponde, depois é consolidada para remeter a esta
Casa. De qualquer forma, acho que não está demais, nem que seja somente para
fazer a discussão, já que, hoje, temos até uma Comissão Especial para estudar a
institucionalização do Orçamento Participativo. E é importante que esta
comissão também tenha na sua discussão esse Projeto, já que esta Comissão não é
específica, pelo que entendi, para estudar o Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz,
e os Substitutivos que foram apresentados posteriormente. Ela é mais genérica.
Então, penso que, além de discutir, aqui, o Projeto e os três Substitutivos,
deve avocar a discussão deste que está correndo Pauta - primeiro dia hoje -, e
terá que ser encaminhado às Comissões. Como já há um entendimento de que a
questão envolve várias Comissões, pode perfeitamente ser incluído na Comissão
Especial.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. João Verle, o Projeto do eminente e
querido Ver. José Valdir tem uma falácia: “A Câmara Municipal terá autonomia
orçamentária.” Nós dependemos sempre da boa vontade do Dr. Arno ou do Prefeito.
Mas, participação da comunidade na elaboração do Orçamento da Câmara é
estranha, uma vez que nós não temos investimentos, nós temos salários.
Praticamente os investimentos são na realização das obras deste prédio que vai
ser terminado lá pelo ano 2.050, mais ou menos. Então, eu não vejo porquê. Em
todo caso, eu não tenho nada contra a proposição do Ver. José Valdir, só não
acredito na autonomia orçamentária.
O SR. JOÃO VERLE: Ver. João Dib, esta
autonomia não foi o Ver. José Valdir que inventou, isto já está, hoje, na Lei
Orgânica e ela existe na realidade com os diferentes entendimentos.
Sobre a participação popular, já que o investimento é pequeno, eu
gostaria de lembrar a V. Exa. que os Conselheiros do Orçamento Participativo
não discutem só os investimentos, eles discutem todo o orçamento, inclusive a
parte de pessoal. Mais de uma vez eles
se manifestaram sobre reduzir o percentual que esta Câmara gasta no total do
Orçamento. Eu penso que uma participação maior da comunidade, através do
Conselho do Orçamento Participativo, pode até diminuir uma certa hostilidade, talvez
a palavra seja muito forte, mas há uma certa animosidade da população em
relação à Câmara e, muitas vezes, por desinformação. Então, eu penso que esta
Casa não tem o que esconder, logo não tem porquê não submeter o seu Orçamento
na elaboração, inclusive na execução, acompanhamento, fiscalização, se for o
caso, como faz o Executivo na comunidade. Nós vamos ter uma aproximação maior
da população com a sua Casa, que deve representá-la e vamos ter a clareza,
também, nós, Vereadores, ou alguns de nós que têm dúvida de que efetivamente a
participação popular não visa subtrair as prerrogativas desta Casa, mesmo
porque não pode. Eu penso que, por este lado, nós poderíamos levar esta
proposta, este Projeto de Resolução do Ver. José Valdir para nossa Comissão Especial
e também lá fazermos essa discussão já que é um assunto só e, pelo que me
consta, estamos muito preocupados com um encaminhamento sério como é do feitio
desta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Raul Carrion. Desiste. Está com a palavra o Ver. Fernando Záchia. Não está
presente. Está com a palavra o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que estou propondo é que fique explícito no Art. 50 da Lei
Orgânica o conteúdo do parágrafo primeiro do Art. 116. Esse conteúdo se refere
ao seguinte: “Fica garantida a participação na comunidade a partir das regiões
do orçamento nas etapas de elaboração, definição e acompanhamento da execução
do Plano Plurianual das Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento anual”. Então,
apresentei essa proposição porque o Art. 116 é claro em relação à atribuição do
Executivo. A douta Procuradora-Geral, a Dra. Marion, diz o seguinte no seu
parecer: “Tal participação já está garantida no Art. 116 da Lei Orgânica, eis
que a Câmara inclui-se como unidade orçamentária no Orçamento Geral do
Município.” Eu entendo que não está garantido tanto que nunca foi feito, não
teve nenhuma forma de participação na execução e na definição do Orçamento a
não ser de definir os percentuais do Orçamento. Vamos admitir que isso
estivesse contemplado. Então, esta Câmara está descumprindo a Lei desde 1989
quando foi promulgada a Lei Orgânica do Município. É diferente do Executivo que
tem um orçamento que foi aperfeiçoado, que foi debatido nesta Câmara e que
agora quer regulamentá-lo e, na minha interpretação, quer estabelecer amarras a
este Orçamento, cercear a participação popular e na Câmara de Vereadores,
segundo a Dra. Marion, deveria ter Orçamento Participativo, deveria ter uma
forma, se não com este nome, uma forma de participação popular. Não tem. Eu
quero deixar explícito, independente desta discussão bizantina, se está contido
ou não está contido no art. 116, o que eu quero é no art. 50 que diz que a
Câmara tem autonomia financeira, orçamentária, que não é de minha autoria, que
é de autoria do Ver. Lauro Hagemann na Lei Orgânica, eu apenas botei a vírgula
e acrescentei o conteúdo do art. 116, pois se já está garantido mediante
interpretação vamos colocar explicitamente. O Ver. Isaac Ainhorn há pouco veio
aqui e fez um hino de louvor a sua idéia de fazer uma sinopse dos temas da
Câmara a mandar para a sociedade civil organizada e confunde isto com
participação popular, talvez querendo substituir o teor do que eu quero propor.
Eu quero radicalização democrática mesmo, eu quero radicalizar a democracia
aqui dentro.
Eu quero que a Câmara tenha um acompanhamento popular, eu quero que
tenha o Orçamento Participativo não apenas para discutir os gastos da Câmara,
mas para acompanhar os gastos da Câmara, inclusive, participar da discussão
desse projetos e dessas propostas, não apenas para discutir investimentos, a
rampa da Câmara e outras tantas obras, independente do mérito, que não foram
discutidas com a população. Eu quero a população participando efetivamente,
discutindo efetivamente. Quanto à sinopse para as entidades organizadas, Ver.
Isaac Ainhorn, isto é uma obrigação da Câmara de Vereadores, isto é uma
obrigação de transparência de fazer este tipo de divulgação.
Agora, só isto não basta, como não basta a Prefeitura fazer a
divulgação do seu trabalho, tanto que ela tem o Orçamento Participativo que a
Câmara não tem. A Câmara está querendo partir para uma discussão, regulamentar,
cercear a participação popular na Prefeitura, no Orçamento Participativo e na
própria Casa não faz, não quer discutir o Orçamento Participativo aqui dentro.
Eu acho que o exemplo, Ver. Isaac Ainhorn, tem que começar pela Casa. Nós
estamos discutindo e querendo restringir a Tribuna Popular quando hoje ficou
evidente que a Tribuna Popular gastou 15 minutos somando o tempo do Ver.
Guilherme Barbosa e no outro tempo foram outros assuntos da Câmara. O que
atrapalhou, inclusive, o início da votação não foi a Tribuna Popular. Por um
lado tentam cercear a participação popular aqui, cercear a participação popular
lá fora, e não admitimos discutir uma efetiva participação popular dentro da
Câmara de Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra, por 5 minutos, para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu quero a ata do Orçamento Participativo que autorizou o
Município, o Executivo a comprar o prédio da Rua dos Andradas nº 680, e me foi
negada. Na verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não posso admitir que
esse Prefeito que aí está, um homem sensível, inteligente, capaz, seja tão mal
assessorado, ou seus assessores pensem que os que aqui estão não são
devidamente preparados. Claro que ele está pedindo, aqui, quando cria e
extingue cargos no DMAE, até para aquelas três embarcações, uma delas objeto de
Pedido de Informações de minha parte, e que hoje uma estação de rádio me
procurou para saber do escândalo, porque os documentos não existiam; o
escândalo da embarcação que não tinha documentação da concorrência. Eu disse
que não era escândalo, que era desleixo mesmo, que não tinha nada a ser levado
ao conhecimento da imprensa. Mas, agora, escândalo mesmo é a assessoria do
Prefeito fazer com que ele assine documentos como este, que cria 28 cargos de
salários mais elevados do que 42 de operários. Até aí tudo bem, nada de mais.
Até não entendo bem porque um departamento que precisa de muitos operários não
queira mais operários, talvez seja para terceirizar. Ao mesmo tempo, diz que
terceirizado é mais caro. Bom, mas o departamento pode fazer o que quiser.
Agora, o Prefeito não pode menosprezar os Vereadores escrevendo isso. Por outro
lado, serão extintos 42 cargos de operário, chamo a atenção dos Srs.
Vereadores, serão extintos 42 cargos de operário do plano classificado daquele
órgão. Se ele extingue os 42 cargos é porque não estão providos, não tem
ninguém ocupando os cargos, face à sua disponibilidade. E ele dá como
contrapartida financeira, o que não incrementará os custos com pessoal no
âmbito do DMAE. Eu não aceito esse atestado que o Prefeito tenta passar, de
burrice, para os Vereadores de Porto Alegre. Burrice deve estar na sua
assessoria para fazer com o Prefeito, que é muito ocupado e tem muitas coisas
para fazer, assine um documento estúpido deste aqui. Se ele não tem 42 cargos
providos ele não está economizando coisa alguma, mas vai prover 28 cargos e
esses sim vão representar gastos.
Então, Sr. Presidente, eu não vou aceitar o atestado que a assessoria
do Sr. Prefeito pretende me passar. Eu imagino que os outros 32 Vereadores
também não aceitarão. Eu, até, se fosse presidente da Câmara devolveria isto
aqui. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Luiz
Negrinho. Ausente. A palavra está à disposição do Ver. Nereu D’Ávila para a
discussão da Pauta.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. José Valdir está comprometendo a Administração Popular,
porque, segundo a palavra do líder, Ver. Henrique Fontana, que tem primado pela
honestidade de palavra e gestos na Casa, a Administração, politicamente, não
quer nem que se institucionalize o Orçamento, que é o caso que o Ver. Clovis
Ilgenfritz vem sendo, praticamente, constrangido dentro do seu próprio partido
como a Cidade sabe.
Agora, para institucionalizar na Câmara pode. Claro, é a Câmara, não
mexe com o Executivo, então pode. E aí um do PT pode. Mas o outro do PT não
pode. Depois, o segundo argumento sobre a questão do orçamento participativo da
Câmara é que existem 16 regiões na Cidade com as demandas próprias daquelas
regiões. Quais as demandas da Câmara? Asfalto aonde? No gabinete do Ver. José
Valdir? Quais são as demandas? O que me traz à tribuna é para discutir, em
última sessão, a questão da Lei Orgânica. Eu estou sentindo, por diversos
destaques que foram feitos que estão tentando puxar o tapete, novamente, da
comissão que estudou a Lei Orgânica e o Regimento. Quero fazer um pacto.
Alegou-se, e foi o próprio Ver. José Valdir, que não estaria garantido na Lei
Orgânica dois dias para a Tribuna Popular, apenas constava que seria jogado
para o Regimento e no Regimento é votação simples. Ele deu a entender que seria
má-fé; poder-se-ia, com 17 votos, tirar a Tribuna das três Sessões, ou seja,
extinguir aquele momento. É claro que ele utilizou de astúcia, mas, para ficar
claro, estou apresentando neste momento uma Emenda à Lei Orgânica que garante
duas Sessões Ordinárias da Câmara para a Tribuna Popular.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu D’Ávila, V. Exa.
deve ater-se ao Projeto em Pauta.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Então, V. Exa. leia na folha 5 que estamos em
Discussão Geral do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 004/95, sobre o qual
estou falando e para o qual estou apresentando uma Emenda.
O SR. PRESIDENTE: Mas, V. Exa. está discutindo
a Pauta, Vereador. Ainda não entramos na Ordem do Dia.
O SR. NEREU D’ÁVILA: V. Exa. tem razão. São os
maus exemplos do Ver. José Valdir. Peço desculpas e volto a discutir a Pauta.
O Ver. José Valdir distribuiu um papel em letras vermelhas -
naturalmente a mídia recebeu primeiro - em que ele faz pura e simples demagogia
em cima desse assunto. Agora, a estratégia já está estabelecida pelo PT:
“melar” a verdadeira e séria discussão a respeito do Orçamento Participativo
que toda a Cidade quer. Não foram apenas Vereadores que vieram à Tribuna
Popular para dizer que segmentos importantes da Baltazar, na Grande Cruzeiro,
no Partenon e em diversas outras regiões certas demandas estabelecidas em
segundo lugar, estavam sendo atendidas.
O Ver. Luiz Negrinho denunciou que, na Rua Upamaroti, no Cristal, uma
demanda elencada como prioritária há três anos, onde passam os ônibus, o
Orçamento não cumpriu. É claro que já estou-me acostumando com os argumentos
que o PT usa; eles têm sempre uma explicação. E a explicação seria a seguinte:
“Aquela demanda não está na verba da Prefeitura, porque depois das demandas a
Prefeitura estabelece uma nova situação no Orçamento Participativo. É uma
prioridade, por exemplo, ao saneamento básico. Se a rua Upamaroti pediu
asfalto, o dinheiro fica pequeno para o asfalto e vai tudo para o saneamento
básico. Então, quando a população reclama dizem que o COP, o GALPAN e o CRC
priorizaram esta ano outra questão que não o recapeamento asfáltico e por isso
não foi cumprido. Sempre vem uma explicação querendo ser convincente. Eu
distribuí para os gabinetes dos Vereadores da Comissão os kits que vieram da
Prefeitura, e terei que refazer os kits, porque não vieram os relatórios de
todos os anos; só veio o de 1996. Acho que nós merecemos fazer um estudo
aprofundado para a cidade ficar sabendo realmente qual o percentual de demandas
que o Orçamento contemplou nesses sete anos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de
Pauta. Liderança com o PFL. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, ao vir à tribuna, nesta tarde, na véspera da Semana Santa, eu quero
me socorrer da inteligência, do saber político do meu correligionário
Vice-presidente da República Marco Maciel, quando, há pouco tempo, intimado a
definir a posição liberal, dizia que a posição liberal era sobretudo não
aceitar o dogma e exercer a reflexão crítica sobre aquelas coisas que eram
colocadas como sendo axiomas verdadeiros, porque toda a verdade apresenta as
suas várias faces e obviamente sobre ela uma reflexão sempre se justifica. Falo
isso, Sr. Presidente, porque no dia de hoje eu constato com muita tristeza, ao
lado da definição da doutrina liberal pelo ilustre brasileiro Marco Maciel, ao
lado do reconhecimento eu vejo com tristeza uma aplicação prática dessa
colocação magistral, quando se verifica no País este absurdo: liberação do
preço dos derivados de petróleo, com empresas majorando exorbitantemente o
custo desse bem essencial ao cotidiano do cidadão. Eu observo quanto é
verdadeira a colocação do Dr. Marco Maciel, porque aqueles liberais como eu,
ortodoxo, diferente de mim, que entendem que o mercado tudo regula, nessas
horas têm que reconhecer que esta deus-mercado, da mesma forma como o
deus-Estado, que outros elegem de forma radical, não pode ser um axioma que não
permita reflexão e não permita que, caso a caso, diante das circunstâncias
possam ser revistos. Eu sempre vi com muito teor o uso sistemático da política do
tabelamento dos preços. Sempre achei que não é bom ferir as regras do bom
relacionamento do mercado, mas tenho que reconhecer, hoje e o faço até
humildemente, ainda que a minha humildade não implique em nenhuma “mea culpa”,
porque nunca radicalizei nas minhas posições. Faço, Ver. Lauro Hagemann, que
expressa na fisionomia assentimento às minhas palavras, convencido de que este
exemplo tem que ser mais do que um reconhecimento doutrinário, conceitual.
Nesta hora, é preciso que o Governo, com o qual eu tenho responsabilidade,
porque ajudei a elegê-lo, não permita sobre nenhuma alegação, que se perpetue
essa barbaridade que está ocorrendo no País e que, de imediato, ponha um freio
ao mal-uso da liberdade de mercado e nada é mais grave, mais deplorável do que
usar mal um bem tão valioso como é a liberdade. A liberdade de mercado que eu
defendo não pode ser de tal monta que se vire contra a sociedade. Nessa hora,
no estado social-liberal em que acredito, é preciso que se use o poder
coercitivo do Estado e se impeça essa anarquia, essa verdadeira obsessão pelo
lucro fácil, que é a medida governamental, que corrigiu 9.9 na refinaria o
custo do derivado do petróleo e está ensejando no momento alguns casos em que a
gasolina, especialmente, foi majorada, em determinados pontos deste País, em
30%. Isso é um absurdo. Isso é o cultivo do lucro fácil. Não é essa a sociedade
em que gananciosamente se procura, através da cartelização, chegar a esse tipo
de lucro, que nos meus conceitos sociais-liberais eu defendo.
Por isso, com humildade, de quem deve, naturalmente agir na política,
porque nós nunca somos donos da verdade por completo, a verdade se renova a
todo o instante e a hora, até mesmo porque Ortega Y Gasset já dizia que o homem
é ele e a sua circunstância. E na Circunstância presente da sociedade
brasileira impõe-se uma medida dura do governo federal, que não pode ficar
preso a falsos conceitos doutrinários, permitindo que a ganância de uns
provoque a desorganização por completo de fartos setores da economia brasileira,
pondo em risco até mesmo a âncora maior do prestígio do Presidente Fernando
Henrique, que é o Plano Real e a estabilidade econômica. Não tenho dúvida de
que não se houver medidas fortes e urgentes, começou a ser comprometido no dia
de hoje. Espero que Deus ilumine o Presidente Fernando Henrique para que ele,
com urgência, determine medida suficientemente capaz de coibir esse abuso
deplorável que, infelizmente, está sendo realizado neste País. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro
Américo Leal em tempo de Liderança pelo PPB.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Não há nada como um dia depois do outro. Dentro de praticamente uma
semana enxergamos o panorama do Piratini e do Palácio Farroupilha se
degladiando, mais um veto, veto que o Sr. Governador apõe a todos aqueles que
pretenderam ter a criação de 29 municípios. E nós que ficamos com o Pronto
Socorro com sete milhões para termos este dinheiro para dar alento, dar glicose,
mais açúcar para que o Pronto Socorro vicejasse, baqueamos, caímos diante de um
veto.
Agora os deputados estão diante de um veto também do Sr. Governador. E
o que fará a bancada do PPB, do meu partido? O que fará a bancada do PMDB? Há
de colocar este veto abaixo? Ou será que os compromissos eleitorais vão fazer
com que as coisas sejam sobrepujadas, e eles botem a viola no saco e deixem por
isso mesmo, ou finjam que não vêem.
Parece incrível que dentro de uma semana estamos assistindo a tragédia
ao contrário. Agora, há interesse dos Deputados, eles querem fazer sessão
extraordinária da Assembléia Legislativa, visando a análise dos vetos do Gov.
Antônio Britto. Se alvoroçaram todos e querem fazer tudo dentro de 24h. Porque
este veto precisa cair? Precisam botar abaixo o veto do Governador. Este é
preciso votar, mas o do Pronto Socorro não foi preciso votar. Saíram
cabisbaixos, sem retrucar coisa nenhuma, sem dizer nada, desceram degraus,
vermelhos, do Plenário da Assembléia, arrependidos de terem feito o que faziam,
mas nos venceram de 22 a 22.
Agora, estou cobrando este veto, aqui de baixo, da Câmara Municipal. O
que vão fazer os Deputados? Vão aceitar o veto disciplinarmente como aceitaram
o veto do Pronto Socorro? Nós nos esvaímos; eu, o Ver. Fontana, Paulo Brum,
Clênia Maranhão, Guilherme Barbosa, estávamos lá apartidariamente. Estivemos lá
dia e noite e nada conseguimos. E agora, o que eles vão fazer? É preciso
realçar isso e cobrar. Esse veto é muito importante porque ele vai colocar em
condição humilhante a Assembléia Legislativa do Estado, que foi surda aos
anseios de Porto Alegre. Inventaram uns tais de hospitais de base, de Pelotas,
de Santa Maria, de Caxias e de Passo Fundo que iriam ficar humilhados e
preteridos pelas verbas que vinham para o Pronto Socorro, mal sabendo eles que
aqui o Pronto Socorro atende os politraumatizados, os acidentados, por arma de
fogo, arma branca, os quebrados de todo o Estado. Não viram isso, não
enxergaram nada. Fingiram que não estavam sensibilizados. Agora tem esse veto e
eu quero ver se eles “engolem” esse veto do Governador e demonstram mais uma
vez de que cuidam dos seus interesses. Agora, o Governador não é mais
partidário, não é mais companheiro, as coisas mudaram. Por quê? Em política há
coerência do bom senso voltado para as causas públicas. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL
3ª SESSÃO
PROC. 1189/95 -
PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/95, de autoria da Vera. Helena
Bonumá, que inclui parágrafo único ao artigo 75 da Lei Orgânica de Porto
Alegre. (exame do CMDCA em matérias
relativas ao Estatuto da Criança e do Adolescente) Com Emendas nºs 01 e 02.
Parecer da Comissão Especial:
- Relator
Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.
Observações:
- discussão geral e votação nos termos do Art. 130 e
seus §§, do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por uma Sessão.
O SR. REGINALDO PUJOL
(Requerimento) : Sr. Presidente, solicitamos à Mesa a inversão na Ordem do Dia de dois
Projetos: O de fls. 09 - PLL 16/96 e o de fls. 11 - PR nº 03/96. São dois
títulos honoríficos. Sobre a matéria existe consenso. Os autores dos dois
títulos entendem que não é necessário encaminhamento e seria até para facilitar
o andamento dos trabalhos, já que as outras matérias são polêmicas e vão
justificar uma discussão.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem) : Sr.
Presidente, quando outro Vereador presidia a Sessão no seu início, eu tinha
encaminhado à Mesa um Requerimento no sentido de ser votado primeiro os
Requerimentos e justifiquei o meu encaminhamento, visto que tenho um
Requerimento desde o dia 22 para ser votado e, se demorar mais, vai perder o
sentido.
O SR. PRESIDENTE: Se ouve esse Requerimento,
V. Exa. tem prioridade. Nós vamos consultar à Assessoria. A Assessoria verá se
consta o seu Requerimento em primeiro lugar.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Eu concordo com os dois
Requerimento, do Ver. Pujol e do Ver. José Valdir, mas após a discussão desse
primeiro Projeto, que já está em andamento.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, V. Exa.,
naquele momento, não estava presidindo os trabalhos, quando formulei o
Requerimento. Ele não foi votado, mas ficou combinado de que seria votado no
início da Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, este
Presidente não estava presidindo os trabalhos, mas a Assessoria me informa de
que foi feita uma sugestão a V. Exa. para que no momento da entrada na Ordem do
Dia fosse feito esse Requerimento, e isso não foi feito. Então, tem prioridade
o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu fiz o
Requerimento e houve um acordo tácito com quem estava na Mesa e com parte do
Plenário, que estava atento, de que esse Requerimento seria votado no início da
abertura na Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: O que a Assessoria está
falando é de que ele seria apresentado.
O SR. MILTON ZUANAZZI
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem é no sentido de saber se,
quando um Vereador, não importando esse caso específico, realiza um
Requerimento, solicitando mudança de Projetos na Ordem do Dia, tem que fazê-lo
após a chamada da Ordem do Dia ou a qualquer momento da Sessão?
O SR. PRESIDENTE: É Só na Ordem do Dia que
poderá ser feito esse Requerimento.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Então parece-me que o
Requerimento que o Ver. José Valdir fez antes não tem valor e ele terá que
refazê-lo.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente. É o que nós
entendemos. Por gentileza, Srs.
Vereadores, daremos continuidade aos trabalhos, esta é a decisão da Presidência
que estou exercendo neste momento. Já estamos discutindo o PELO nº 001/95. Logo após esse Projeto, será votado o
Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol e
o do Ver. José Valdir.
O SR. REGINALDO PUJOL
(Questão de Ordem) : Havia um acordo entre os Vereadores de que requereríamos essa inversão,
porque sabíamos que o Ver. José Valdir iria pedir que depois votássemos os
requerimentos. Conheço o teor do Requerimento, inclusive várias bancadas têm
interesse na sua votação. Não entendo, Sr. Presidente, o fato de V. Exa. ter
anunciado que iria entrar com a votação quase que instantaneamente com a
solicitação da palavra para fazer o requerimento e que, obrigatoriamente, V.
Exa. tenha que ficar restrito a manter a ordem inicial dos trabalhos, com a
concessão da palavra ao Ver. João Dib, até porque ele concorda que se vote
primeiro esses dois Projetos, que são de tramitação rápida, assim como os
requerimentos e depois retoma-se a
ordem natural.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem) : Quando
exatamente serão votados os Requerimentos?
O SR. PRESIDENTE: Após a discussão desse
Projeto. Em discussão o PELO nº 01/95. O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a nobre Vera. Helena Bonumá ficará muito braba comigo, porque na
última sessão solicitei, empenhadamente, que V. Exa. retirasse o Projeto de Lei
que versa sobre acordo de trabalho entre comerciários e seus patrões, para que
a Câmara não tenha que servir de palco para acontecimentos desagradáveis que já
ocorrem aqui no passado.
Hoje vou analisar esse Projeto de Emenda à Lei Orgânica que inclui
parágrafo no artigo 75 da Lei citada e trata da iniciativa de leis
complementares com emendas. Enfim, o texto da Emenda que apresenta à Mesa não
corresponde, exatamente, ao que ocorre. Mas devo lembrar que a Constituição
Americana tem mais de 200 anos, e não tem uma dezena de artigos, tem algumas
emendas. Todos aqueles que lêem, assistem a filmes americanos, vêem que, quando
o indivíduo é acusado de qualquer coisa, vai ser preso, ele evoca a 5ª Emenda.
Porque uma Emenda à Constituição Americana tem força. Nós, aqui, fazemos uma
Lei Orgânica, substituindo outra que tinha 120 artigos e tratava de todos os
problemas da Cidade. Uma lei antes dizia que para tratar de apresentar um
Projeto de Lei de iniciativa popular, inicialmente, precisava de 100 eleitores,
depois mudaram para 1% dos eleitores, e esta atual lei fala em 5% dos
eleitores. Então, é uma lei que deveria ser avançada e no meu entendimento é
retrograda, até porque de 120 artigos, passa para mais de 300 artigos. A
primeira falava na família, esta não fala na família, parece que a família
deixou de existir.
Agora, fazemos uma Emenda ao Art. 75, que não está bem situada, e não
tem necessidade de integrar a Lei Orgânica, poderia ser objeto de Lei
Complementar ou comum, mas nunca texto de Lei Orgânica, que é a Constituição do
Município. Essa é a maneira de desmerecer a Constituição Municipal, porque a
cada momento estamos colocando mais e mais emendas, alterando artigos,
acrescentando parágrafos e retirando textos. Portanto, Vera. Helena Bonumá,
desculpe-me, porque já me disse que sempre voto contrariamente a ela, mas não é
verdade, sou contrário aos dois projetos que mencionei nesta minha rápida
participação. Agradeço a atenção de todos os nobres colegas.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra, para discutir.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, outro dia eu falei na ausência da nobre Vera. Helena Bonumá, o que
é muito constrangedor, porque eu tenho um apreço especial por sua Excelência,
uma relação pessoal que muito me agrada, e eu disse, em outro pronunciamento,
em relação a outras questões, que isto aqui não é uma assembléia de compadres, nem
de amizades, nem uma assembléia de freiras, nós representamos camadas
diferentes da população e temos que honrar esta representatividade. Diante
disso, eu ouso afirmar que este Projeto é a maior barbaridade que jamais passou
pelos umbrais do Protocolo da Câmara Municipal. Sem nenhum demérito à Vereadora
na sua iniciativa, mas a Vereadora quer o seguinte: ela quer subordinar o
processo legislativo, modificando-o. Desde que foram criados os Legislativos no
mundo, o processo legislativo é orgânico, ele é consecutivo. No processo, a
Vereadora diz que, depois da Comissão de Constituição de Justiça, ele vai ao
Conselho dos Direitos da Criança, antes das Comissões Temáticas. Então, ela
desvia do processo legislativo para lá.
Agora, quem é este Conselho? O Conselho é subordinado, está no Parecer
da Procuradora, que o Conselho Municipal dos Direitos da Criança é um órgão
vinculado à Secretaria de Governo. Fere o princípio da harmonia e independência
entre os poderes. Ou seja, o Poder Legislativo vai ficar subordinado a outro
poder. Ainda se fosse direto ao poder Executivo, mas é a um órgão do Poder
Executivo. Diz a ilustre Procuradora: “a matéria fere o Artigo 2º da Lei Maior
do Município que assegura o exercício do princípio constitucional da
independência e harmonia entre os poderes”. E mais, na medida em que o processo
segue para o Conselho, eu quero o seguinte: ontem, houve, aqui, uma reunião da
Comissão de Educação desta Casa, sendo o Presidente o Ver. Jocelin Azambuja e
outros Vereadores da Comissão e mais 7 ou 8 Conselheiros Tutelares, que são
participantes deste Conselho, e a Taquigrafia pode comprovar, houve uma pessoa
que disse que no sábado passado, eleita Conselheira Tutelar, disse dali de onde
senta o Ver. Luiz Braz que, sábado passado, ela indagava num reunião qual era,
realmente, a função do Conselheiro Tutelar? O Ver. Dilamar que é da Comissão me
acena com a cabeça porque estava presente. O que eu quero dizer é o seguinte:
Este Conselho Municipal dos Direitos da Criança ainda não tem maturidade suficiente
reconhecida pelos seus próprios membros para saber qual é a sua função
orgânica, inclusive, em relação a sua competência, em relação ao Ministério
Público. As próprias assistentes sociais dizem que os Conselheiros estão
tirando a sua função de assistência social sem ter curso superior. Há uma
enorme confusão em relação ao próprio fundamento do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança que ainda não tem uma maturidade suficiente, uma
competência suficiente para sequer se situar no Município porque recentemente
foi formado. Imaginem a Câmara subordinar os seus projetos, todos, que tiverem
qualquer referência à Criança se enviar para lá para eles dizerem sim ou não e
se eles disserem não e nós, aqui, vamos ter que obedecer. É a suprema
desmoralização da Câmara Municipal.
Eu acho, com todo o respeito, o mesmo apelo do Ver. Dib, eu vou fazer
para a Vera. Helena Bonumá: Este processo, Vereadora, a não ser que eu esteja
completamente equivocado, - se eu estiver, eu assumo porque eu sou humilde
suficiente para admitir os erros que todos nós podemos cometer -, mas este
processo, para mim, ele subordina uma instituição existente a mais de 200 anos
e um órgão que é subordinado a uma Secretaria de Governo. Isto, francamente, é
uma “Capitis diminutio” da maior diminuição do Poder Legislativo. Vereadora, eu
disse pessoalmente a V. Exa. que este processo não tem condições. Acho que este
aqui nós temos que refletir melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário,
está com a palavra para discutir o PELO nº 01/95.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e, em especial, Vera. Helena Bonumá que propôs esse Projeto de
Emenda à Lei Orgânica do nosso Município. Primeiro, vamos compreender o
espírito da proposição da Vera. Helena Bonumá. Ela propõe a esta Casa que as
proposições feitas na área da criança e do adolescente sejam analisadas a
partir das comissões temáticas da Casa, como se faz no processo legislativo,
mas também de um órgão que não é Ver. Nereu D’Ávila preciso esclarecer a V.
Exa. tão humilde e que reconhece quando está errado - e está errado - que é o
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente que não é
subordinado a qualquer Secretaria do Governo.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Leia o Estatuto!
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: V. Exa. é que deve ler. Eu o
conheço muito bem. O Conselho Municipal da Criança e do Adolescente não é
subordinado a qualquer Secretaria; ele é um órgão previsto pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente, por Lei Federal - Lei nº 8069/90 que estabelece a
participação da sociedade, de organismos não-governamentais, de componentes
dessa sociedade que atuam na defesa das crianças e dos adolescentes e do Poder
Público Municipal, sendo que este - todos sabemos disso - participa desse Conselho
através de diversas Secretarias assim como participamos através de
representação da Câmara Municipal.
Então, o Conselho, Srs. Vereadores, não é absolutamente subordinado a
qualquer poder. Ele é um órgão autônomo dentro da sociedade porto-alegrense e
está diferenciado dos Conselhos Tutelares. Aqui disseram que uma Conselheira
Tutelar pediu a palavra em um encontro para perguntar qual é exatamente a
função do Conselho Tutelar. É bom que se diga que não devemos confundir as duas
instâncias. São instâncias autônomas, Ver. Fernando Záchia, o Conselho Tutelar
é um organismo, o Conselho Municipal de Direitos é outro organismo. Todos esses
conselhos e organismos, bem como o Fórum Municipal de Entidades, e o fundo
Municipal, compõem uma proposta global, articulada a partir da Lei nº 8069 do
ECA e que, portanto, articula uma série de instâncias no sentido de proteção
integral da política de atendimento integral de proteção integral à criança e
ao adolescente, para o cumprimento do conjunto do ECA, e, em última instância
da Constituição Federal desta País, nos seus arts. 227 e 228. Digo isso como
preâmbulo, porque, na verdade, é absolutamente equivocado dizermos que a
proposição da Vera. Helena Bonumá subordina o processo legislativo ao Conselho
Municipal. E, mais do que isso, o que foi dito nesta tribuna é absolutamente
equivocado, subordina a um conselho subordinado a Prefeitura. Isso é um
desrespeito ou uma desinformação sobre o Conselho, ou as duas possibilidades.
O que devemos considerar, Srs. Vereadores, é que a proposta da Vera.
Helena Bonumá consulta essa instância que está cotidianamente discutindo as
políticas de atendimento, discutindo as propostas para crianças e adolescentes
no Município de Porto Alegre, numa situação de consulta, no caso de projeto de
lei que tramita nesta Casa, que propõe que as escolas públicas municipais
organizem comitês de prevenção a maus-tratos na infância e por minha vontade
própria pedi diligência ao conselho Municipal, que já respondeu a esta Casa, e
me sinto melhor pelo parecer do Conselho Municipal. Sinto-me amparada na
sociedade. E acho que todos os Vereadores que colocam projetos dessa natureza -
o Ver. Fernando Záchia já teve um projeto que foi amplamente discutido com o
Conselho - sentem-se mais à vontade com essa discussão, na medida em que este é
um órgão de apoio e também deve ser um órgão de apoio à Câmara Municipal, por
quê não? Estamos acima da necessidade de qualquer apoio? Não! Somos pessoas que
podem errar. Concluo a minha intervenção dizendo que não vejo nenhum problema,
sou favorável à proposta. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está
com a palavra para discutir o PELO nº 01/95.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Gostaria de começar fazendo uma observação ao Ver. João Dib, que
nos comparou à sociedade americana, dizendo que as diferenças são seculares,
muito intensas. Aquela sociedade viveu desde o seu início um processo de
colonização em moldes que não conhecemos; aqui, o que acontecia era um processo
de exploração comercial, de rapina do Brasil. Foi o primeiro momento
existencial de uma sociedade que essa que conhecemos hoje, que continua
explorada, rapina. Não há muito como a gente comparar a formação social e as
leis americanas com a nossa realidade. Na parte dos direitos da mulher, temos
nos valido muito da experiência americana, que é bastante avançada. Num caso
como esse não se trata de ficar brigando para manter um número “x” de artigos
numa lei fundamental, como são as nossas leis orgânicas, as nossas
Constituições, mas de cada vez mais, a gente, que vive numa sociedade que é
dinâmica e que está submetida a um capitalismo muito perverso, onde um setor
muito largo da população está marginalizado, inclusive do direito, entendo que
vivemos um processo de aperfeiçoamento da democracia no País, onde a
modificação legal se faz necessária, é fundamental. É com esse espírito que
temos procedido às leis.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Nobre Vera. Helena Bonumá, citei o exemplo da
Constituição americana porque as coisas boas nós devemos aprender. Poderia
dizer que a Constituição inglesa tem o direito consuetudinário e não está nem
escrita, fazendo com que ela não seja respeitada. Não me manifestei contrário
ao projeto de V. Exa., apenas o local onde estava pretendendo ser inserido.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Eu acho, Vereador, que aí
seria necessário fazer outro comentário que acho que faz com que as leis não
sejam cumpridas, não pelo fato de elas existirem em abundância, mas o fato de
que existe um desrespeito a isso em nosso País. Agora, eu gostaria, entrando no
mérito do projeto, de esclarecer ao Vereador Nereu, pois acho que V. Exa. não
leu as emendas que o projeto trás. Eu não entendo porque alguns Vereadores, em
certos momentos, reagem de forma muito virulenta ao fato de a gente se
aproximar mais, se abrir mais a sociedade. Acho que a Vereadora Maria do
Rosário colocou aqui com muita pertinência o que este projeto trata, de que
matéria ele trata. Ele trata da Câmara considerar alguma coisa que existe, que
é real e que faz parte da mobilização da sociedade organizada que é esse
conselho. Não dá para comprar, Vereador, a existência do conselho, a idade do
conselho com a Câmara Municipal. Eu não estou comparando quando faço isso. Mas
quais são os dois objetivos deste projeto? O objetivo do projeto é, em primeiro
lugar, que a Câmara quando for tratar, aprovar, tramitar, discutir projeto que
diga respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente consulte o conselho,
solicite um parecer do conselho. Por quê? Porque o conselho, Srs. Vereadores, é
quem tem tido um acúmulo muito grande, não só na parte legal, mas, também, um
conhecimento muito concreto da realidade da criança e do adolescente.
Então o conselho estaria dando o seu parecer como uma assessoria
altamente especializada para a Câmara. Nós já tivemos aqui projetos aprovados
que não consideraram isso e não foi por má intenção de Vereador nenhum. Eu acho
que pelo fato de que muitas vezes a gente não chega, na corrida do processo
legislativo, a considerar essas possibilidades. Esse conselho é um dos mais
organizados do Município e um dos que mais tem dado demonstração concreta do
seu trabalho junto à população atingida em Porto Alegre. O que está-se
propondo, aqui, é uma integração entre o Poder Legislativo e a sociedade que é
organizada e tem acúmulo nessa problemática. Existe, Vereador Nereu, uma
emenda, de minha autoria, que diz respeito, exatamente, a sua preocupação, ou
seja, não se interrompe o processo legislativo. O processo legislativo continua
normalmente, não se interrompe o processo legislativo e, ao mesmo tempo, a
gente vai estar criando essa possibilidade do próprio Vereador ter esse parecer
como assessoria ao seu trabalho...
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo
Pujol) : O
Ver. Guilherme Barbosa se inscreve e cede o seu tempo para a Vera. Helena
Bonumá. Com a concordância dos Vereadores que o antecedem nas inscrições, V.
Exa. tem mais cinco minutos.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Talvez eu nem necessite de
cinco minutos, mas eu gostaria de esclarecer que a primeira emenda diz respeito
a isso, ou seja, não interrompe e não subordina o processo legislativo a esse
parecer, porque na nossa primeira redação ficava uma coisa dúbia. Nós
esclarecemos isso com a nossa emenda. E o Ver. Fernando Záchia fez uma segunda
emenda, tirando a obrigatoriedade do conselho nos dar o parecer. Então, o
conselho dará sua opinião se achar necessário.
O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu só pedi o aparte porque V. Exa. tinha mais um
tempo. Na verdade, as emendas são adjetivas, não são substantivas, porque elas
apenas transferem palavras. Mas na verdade o problema, que deve ser discutido
aqui, é o principal. É a autonomia da Câmara Municipal. E esse problema não foi
a minha cabeça que inventou; a própria procuradora tocou no assunto
“independência e harmonia dos poderes”. V. Exa. pode inventar ou ter outras
iniciativas para colocar o conselho junto à Câmara e eu lhe dou toda a força,
mas subordinar o processo legislativo ao conselho sob maneira mesmo que
indireta, eu vou me opor com toda a
força, se V. Exa. permite, com todo o respeito.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Ver. Nereu, a nossa emenda
não é adjetiva. Vou ler os termos da emenda. Lê: ... “não tornando impeditiva a
sua tramitação, nem significando impedimento à iniciativa legislativa.” E eu
acho, Vereador, que a sua preocupação é a mesma do Ver. Pedro Américo Leal, ela
não é de natureza regimental ou legal, ela é de natureza política e aí,
Vereador, não é o problema de ter ou não ter o parecer do Conselho. Qual é o
processo que se vive em Porto Alegre? Nós vivemos em Porto Alegre um processo
de aperfeiçoamento e democratização das instituições. A Câmara Municipal tem
dado demonstração disso. Então, o que se trata aqui? Trata-se, e por isso que
eu falava de uma certa preocupação, ojeriza em modificar, em aperfeiçoar a lei
no sentido da gente ser mais democrático, incorporar mais a sociedade no
trabalho legislativo.
O Sr. Pedro Américo Leal : V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Ilustre Vereadora, eu tenho impressão de que isso
poderá ficar esclarecido se V. Exa. for mais precisa em dizer o seguinte: é
apenas uma consulta voluntária, só isso.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Não, Vereador, não é uma
consulta voluntária. Estará entrando na lei que, quando circular nesta Casa uma
proposição que diga respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente em
quaisquer dos seus aspectos, e o Ver. Fernando Záchia precisou melhor com a
seguinte redação: será solicitado o Conselho a exarar parecer sobre o mérito do
Projeto. Então, o que acontece? Será solicitado a exarar parecer sobre o mérito
do processo. Mas aí, Vereador, a sua preocupação, o fundamento dela, não é de
que vai ser ferido o Poder Legislativo, por que vai ser ferido? O Poder
Legislativo tem medo da sociedade? Não tem. Nós aqui não nos intimidamos, nós
temos a clareza do nosso papel que temos que cumprir.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. não pode obrigar a
Casa a ouvir o organismo fora da Casa.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Mas, Vereador, isso não quer
dizer que esse Organismo é que vai dar a palavra final do processo legislativo,
nem quer dizer que o Vereador precise considerar esse organismo. Mas o que nós
estaremos fazendo? O que existe de força vida de Porto Alegre, está atuando
nesse conselho, ou nas bases desse conselho ou no fórum que também compõe o
Conselho. Então nós estaremos fazendo o quê? Nós estaremos considerando o que
existe de concreto, de real em trabalho nesta matéria no Município de Porto
Alegre e se o Vereador discordar do Parecer do Conselho, muito bem, ele está
anexado ali, como está anexado 3 outros documentos, anexos a um processo para a
sua melhor tramitação e avaliação na Casa. Então, não sei por que existe um
certo medo, um certo receio.Temos que nos abrir a essas novas questões e novas
formas.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me perdoe, mas isso
é mais uma investida da democracia participativa.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Mas, Vereador, esta Câmara
aqui tem tido um compromisso com a democracia participativa. Esta Câmara tem
compromisso com o melhorar as condições de vida e a democracia em Porto Alegre.
Não tem por que temer que um setor todo articulado, com acúmulo, que é
quem trabalha a questão no Município, não dê seu parecer. Ele pode ser considerado
ou não. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Quero registrar a presença
na Casa dos Suplentes de Vereadores que com freqüência assumem na Casa, o Ver.
Darci Campani, que há pouco tempo esteve conosco; até com um toque carinhoso, o
suplente do Partido da Frente Liberal, Ver. Carlos Machado, companheiro que não
assumiu na semana passada, pois na condição de meu suplente e meu médico, tendo
recomendado que eu parasse três dias, não quis se prevalecer da situação para
assumir o mandato.
Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em especial a Vereadora autora, Helena Bonumá. Analisaremos alguns
aspectos. Parece-nos que o mais prudente para a Vereadora seria o arquivamento
deste Processo. Vejam, há uma distorção aqui nesta Casa, quando parece que nós
aqui não somos representantes da sociedade. Todos foram eleitos com
representação do povo para legislar. Se alguém não tem representação do povo,
seria um fato inusitado. Vamos cuidar este discurso de que, de repente,
queremos esvaziar o Poder Legislativo, isto é muito perigoso. Gosto de ver os
companheiros que falam em democracia e, ao mesmo tempo, procuram esvaziar o
Poder Legislativo, sempre dizendo que temos que consultar a sociedade. Vem cá,
nós fomos eleitos com representação da sociedade ou não fomos?
Agora, lógico, acho importante fazer discussões, por exemplo, a
Comissão de Educação está discutindo, e ontem tivemos reunião com a Presidente
do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, com os
Conselhos Tutelares, com a UAMPA, discutindo a legislação que envolve os
Conselhos Tutelares. Isso é competência nossa, se acharmos positivo, nós
convidamos para vir aqui para discutirmos essas questões. As Comissões estão
abertas na Casa. Da maneira como V.Exa. coloca o seu Projeto dá a impressão de
que aqui os cinco Vereadores da Comissão de Educação não têm competência, nem
qualidade, nem qualificação para poder discutir uma matéria dessa natureza. Por
outro lado, V.Exa. conhece o processo legislativo e, se por exemplo, um
Vereador tiver dificuldade no entendimento de uma matéria, se essa sua moda
pegar, daqui a alguns dias, terá outro colega que colocará um projeto para que
todos os assuntos que vierem, sobre educação, irão para o Conselho de Educação.
Outro já colocará novo projeto para que tudo o que versar sobre assistência
social deverá ir para o Conselho. Vai virar a maior burocracia. E nós temos que
acabar com esse estado burocratizante. Se V.Exa. quer ouvir sobre determinado
assunto o Conselho Municipal, isso faz parte do processo legislativo, e o
próprio Vereador solicita na sua Comissão, que seja remetido o processo para
ouvir aquela parte que interessa. Isso nós fazemos todos os dias. Não é
necessário fazer uma Lei para colocar uma coisa que não tem nenhum sentido. A
sua intenção de querer, sobre um assunto de crianças, ouvir o Conselho, é
meritório, mas a prática legislativa não é assim.
O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. disse que é uma lei, mas veja a gravidade, é
mais do que uma lei. A lei não é ordinária, pois a Lei Orgânica é a nossa
Constituição, e por menor que seja ou por mais simplório que seja o Parecer de
lá, nos termos da Lei Orgânica colocado, nós temos que recebê-lo com grande
pompa e honra.
A Sra. Helena Bonumá: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero repetir o que já disse: a questão nesse
ponto é política, e a Câmara não precisa se constranger diante desse
procedimento, que seria, então, um constrangimento político, pois ele pode
existir independente de isso estar ou não na Lei.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: V. Exa. tem uma visão falsa
de democracia e errada de constrangimento. Eu gosto de ver que a sua Bancada
volta e meia vem à tribuna, dizendo que a Câmara tem medo. Deixe de dizer
bobagem, Vereadora. É uma grande bobagem que se diz nesta Casa, de que nós
temos medo da sociedade.
A Sra. Helena Bonumá: É justamente por achar que a
Câmara não tem medo que eu estou propondo isso e acho que isso é possível pelo
grau de compreensão da necessidade de democratizarmos o nosso Município que
nós, aqui nesta Câmara, já chegamos.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Eu discordo frontalmente de
V. Exa., pois não é dessa forma que se faz democracia, isso é simplesmente
criar um processo democrático. Parece aquelas coisas dos partidões da
burocracia, bastante papel. Isso é uma coisa desnecessária, Vereadora.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Jocelin Azambuja, o seu
tempo já se esgotou, mas o Ver. Paulo Brum cede o tempo para V. Exa..
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Eu me surpreendo, com muito medo até, essa
investida que o PT está fazendo sobre a Lei Orgânica, tentando colocar uma
série de injunções que vão ter em associações ou quaisquer outras composições
do povo e que nos vão engessando. É um perigo isso. Estou-me sentindo ameaçado.
A Lei Orgânica está sendo alvo de uma série de modificações.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: É importante isso que o Ver.
Pedro Américo Leal coloca. Vejo que os petistas têm essa mania de quererem
dizer que são sempre democratas. Então, são os projetos democráticos, os
projetos dos direitos humanos, os projetos disso e daquilo. Eles são sempre os
autores e o resto dos outros partidos tem medo. Esse é um discurso vazio. A
Ver. Helena Bonumá tem feito esse discurso aqui. Os seus companheiros, quando
apresentam seus projetos, vêm com essa tese de um enfrentamento com o Poder
Legislativo. Até parece que não gostam do Poder Legislativo? Às vezes eu me
questiono por que estão no Poder Legislativo. Se não gostam do processo
legislativo, deveriam procurar outra forma de participação na sociedade. Eu
trabalhei no movimento comunitário e gostei muito. Hoje trabalho no processo
legislativo e acho que é importante. Eu respeito o Parlamento, mas eles têm uma
característica permanente que o Ver. Pedro Américo Leal lembra muito bem:
buscar o desrespeito ao processo legislativo, ao parlamento. Então, vejam, Srs.
Vereadores, nós não podemos criar essa burocracia, mesmo com a Emenda do Ver.
Záchia, que procura sanar um pouco a gravidade do problema do Projeto, mas, na
verdade, continua o problema. Imaginem a burocracia a toda hora, requerimento
para o Conselho.
O Sr. Nereu D’Ávila: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu lamento a ausência da Vera. Maria do Rosário que subiu à Tribuna
e me desafiou a respeito quando eu afirmei que era subordinada à ordem do
Governo. Só para citar a Lei, se ela não conhece, 6787, que trata do Conselho,
no artigo 12. (Lê artigo 12.)
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: É exatamente isso, Ver.
Nereu D’Ávila. Em primeiro lugar lugar, o Projeto é inconstitucional diante
desta premissa básica, que é um Órgão do Poder Executivo; não tem nada a ver
com o Legislativo. Em segundo lugar, o aspecto também que nós podemos jamais
esquecer é que um processo legislativo normal. O Vereador quer consultar o
Executivo e o faz através de Requerimento na Comissão, quando o projeto
tramitar, se quiser e, aí, vai para o Executivo e é feita a consulta e retorna
à Comissões, como é feito ao longo de toda a história desta Casa. Então, nós
não podemos, de repente, ficar inventando, porque a Vereadora quer dizer que o
seu Partido é mais democrático do que os outros, que os outros têm medo do
povo. O que é isso, Vereadora! Nunca mais diga isso na Tribuna. Isso, para mim,
é uma ofensa, quando V.Exa. diz isso na Tribuna, que os demais Partidos têm
medo de consultar o povo! V.Exa. sabe a minha origem para dizer isso na
Tribuna? Eu não aceito esse tipo de colocação. Saiba que, toda vez que V.Exa.
ou seus Companheiros de partido fizerem esse tipo de colocação, vão ter o meu
repúdio veemente. Aqui ninguém tem medo de ninguém porque acima de todos está o
povo. Na verdade o que ocorre, Srs. Vereadores, é que querem criar o
burocratismo aqui dentro e só para ter autoria de um Projeto que seja
relacionado com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A questão realmente não passa por aí, Vereadora, existe um processo legislativo
a ser respeitado. Quando a Senhora estiver na sua Comissão e passar um projeto
que envolva uma criança, faça uma consulta ao Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, que é um órgão do Poder Executivo determinado pela
Lei Orgânica. Assim, mesmo que aprovássemos o seu Projeto, estaríamos ferindo o
Regimento desta Casa, a Lei Orgânica do Município e todos os princípios de
independência entre os poderes.
Por mais boa vontade que se tenha com o seu Projeto, que tem uma
intenção positiva, não dá para aprová-lo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. HELENA BONUMÁ
(Requerimento) : Requeiro as notas taquigráficas do meu pronunciamento para mostrar ao
Ver. Jocelin Azambuja que não disse o que ele me acusou de ter dito. A partir
daí, gostaria que o Ver. Jocelin retirasse o que disse sobre o meu
pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com
a palavra. Antes disso, informo que defiro o Requerimento da Ver. Helena
Bonumá.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, já é costumeira a falta de criatividade do Ver. Jocelin Azambuja,
além da falta de argumento e de conhecimento jurídico. Ele se utiliza de
argumentos rebaixados, tentando jogar a Vera. Helena Bonumá contra a Casa.O
Projeto que está em discussão não tem nada a ver com impossibilidades
jurídicas; mas tem a ver com o posicionamento político.
O Ver. Pedro Américo Leal, pessoa por quem tenho o maior respeito,
pergunta se é mais uma investida de controle externo. É essa a divergência que
nós temos. Quanto ao apelido: nós chamamos de democracia, outros, de
burocracia, é uma discussão de mérito, eu defendo sim que deve haver controle
externo sobre o Judiciário, sobre o Executivo, sobre o Legislativo. O que está
colocando o Ver. Nereu D’Ávila, que é um advogado brilhante, mas que, às vezes,
com a pressa, não lê direito, comete erros crassos, o Vereador veio aqui e
disse que o Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente era
subordinado ao Executivo, depois ele mesmo lê o texto da lei que não fala em
subordinação, fala em vinculação administrativa, que é absolutamente diferente,
é qualitativamente diferente. Ele citou a Lei Municipal, eu poderia citar o
Estatuto da Criança e do Adolescente, que é lei maior, Lei Federal, Lei Federal
nº 8069, de 1990, que diz que o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente tem poder de deliberação. Como um órgão que tem o poder de
deliberação, de normativa sobre a política da criança e do adolescente vai ser
subordinado ao Executivo? Seria uma incongruência, e está aqui, na Lei Federal,
que é o Estatudo da Criança e do Adolescente, eu poderia citar o art. 88,
inciso 2, o art. 90, e vou dizer mais, quando se diz que o fato de o Vereador
consultar um conselho criado por Lei Federal, válido para todos os municípios
do Brasil, que isso restringe autonomia, eu questiono, então: o Município, o
Executivo têm a sua autonomia também restringida há muito tempo, porque todos
os projetos do Executivo têm que passar pela aprovação do Conselho Municipal do
Direito da Criança e do Adolescente. Os projetos com relação à criança e ao
adolescente, inclusive todos os projetos que vieram para cá para ser
discutidos, até a CPI da farinha, do Ver. Jocelin Azambuja, aquela CPI que não
deu em nada, nem poderia dar, aqueles projetos, todos eles passaram para
discussão e aprovação do Conselho Municipal do Direito da Criança e do
Adolescente, e isso não é visto por nós do Executivo como uma restrição à
autonomia do Poder Executivo. Então, o Ver. Pedro Américo Leal diz que em
política tem que haver coerência. V.Exa. tem coerência, e penso que seus
pronunciamentos contra essa forma se embasam numa visão que eu respeito, porque
é coerente. A nossa visão, que é completamente diferente da sua, também tem a
sua linha de coerência. O que não é coerente é quando alguns Vereadores fazem
um discurso de um lado e proposições completamente contrárias de outro,
elogiando o Orçamento Participativo e, ao mesmo tempo, querendo controlá-lo,
não tendo coragem de dizer, porque, depois, quando a gente propõe fazer o
Orçamento Participativo, aqui na Câmara não querem fazer. A posição dos
Vereadores Pedro Américo Leal e João Dib é totalmente coerente, contra essas
formas externas de participação. A Câmara de Vereadores é totalmente coerente.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta cede seu
tempo ao Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: A posição dos Vereadores
João Dib e Pedro Américo Leal é totalmente coerente, porque eles são contra
essa forma de participação e dizem isso claramente, portanto, são contra em
qualquer lugar. Nós somos a favor. Quem fica sempre mal, nesse debate, não
conseguindo se explicar são aqueles que dão o discurso populista, o fácil, o da
participação popular e, na hora em que propusemos formas de participação
popular, ou de controle popular sobre a Câmara de Vereadores, não querem
discutir, mas o Projeto da Vera. Helena Bonumá nem propõe isso. É para ver como
são suscetíveis. O posicionamento dos populistas é tão suscetível e o que a
Vera. Helena Bonumá está propondo é simplesmente que os Projetos tenham que fazer
uma consulta àquele Órgão reconhecido, nacionalmente, por Lei Federal, como o
Órgão normativo em nível nacional para a política da criança e do adolescente,
apenas isso. Mesmo independente do teor do Parecer, está dito no Projeto, não
inviabiliza a tramitação. Por que não se quer? Porque aqueles que fazem o jogo
do discurso pseudoparticipativo, aqui, dentro, nestas horas se colocam contra a
participação popular. Então, fazem um discurso e, na prática, é uma outra
conversa.
Aqui, nesta Casa, é muito interessante, há o ditado que diz “Freud
explica”, mas aqui é “Einstein explica”, porque esta é a casa da relatividade:
tudo é relativo. As coisas valem para o Executivo, as críticas, as formas de
participação são defeituosas, não funcionam, mas, quando se coloca “o dedo na
moleira” e diz-se que a Casa tem participação popular, aí não vale mais o
discurso. Aqui não pode ter Orçamento Participativo, então, aqui, é a Casa da
Relatividade, pois ela presta todos os dias uma homenagem a Albert Einstein ou,
talvez, uma deturpação das suas idéias. Julgam-se as coisas com dois pesos e
duas medidas e, principalmente, esse meio de campo que faz um discurso e tem
uma outra prática; coisas que se cobram, que se pregam, em relação ao
Executivo; acusa-se o Orçamento Participativo de ser manipulado! Aqui para
dentro não vale nada. Porque, quando se propõe uma coisa simples, não se pode
tratar este Conselho da Criança e do Adolescente, fruto de uma Lei Federal, com
um longo processo de discussão, e tratá-lo como um Conselho qualquer!? Ele está
num patamar superior, pois é Lei Federal, válido em todo o País! No momento em
que a Vera. Helena Bonumá apresenta uma coisa e os Vereadores precisam pedir
Parecer - e independente do teor do Parecer - que o Projeto possa tramitar e
até ser aprovado, aí, não pode. Mas, quando se apresentam leis
inconstitucionais, com vícios de origem, aí pode. Vários Vereadores disseram
que esse Projeto pode, porque se o Prefeito fizer vistas grossas, está sanado o
vício de origem. Quando sabemos que o vício de origem jamais é sanado. Então,
sabemos que, aqui, é a Casa da Relatividade! Assim não se faz política. O Ver.
Pedro Américo Leal tem toda a razão, essa é a política da incoerência e
política tem que ter coerência. Se nós defendemos este tipo de Projeto, aqui,
muitas vezes, o Ver. João Dib, que está no lado oposto do meu, tem toda razão,
quando fala das leis feitas em quantidade para agradar, o Ver. João Dib tem
toda razão. Então, não me venham dizer que este Projeto é inconstitucional, vai
contra a Lei Orgânica. Não tem nada disso! Esta Casa tem que ter coerência! Ou
assume uma posição em defesa da participação popular e leva às ultimas
conseqüências, com a participação popular aqui dentro, valorizando as
entidades, valorizando o Conselho Municipal dos Direitos ou não dá discurso
fácil, como o Ver. Jocelin Azambuja que deu o discurso e se mandou no Plenário.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está
com a palavra para discutir o PELO nº 01/95.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. José Valdir está retornando à Câmara faceiro, quer
participação, só ele que quer, os outros não querem, o Partido dele quer,
aquela confusão toda. Ver. José Valdir, vamos fazer música!
O PT enloqueceu há muito tempo! Quem analisar a propaganda que está
sendo divulgada em Porto Alegre a respeito do trânsito, onde pessoas dizem
“esta esquina está maravilhosa” é de chorar! Ah, se fossem os nossos Partidos,
Ver. Nereu D’Ávila, que apresentassem uma propaganda com este conteúdo! Aqueles
entrevistas estão aperfeiçoadas. Por outro lado, eu acredito que a Vera. Helena
Bonumá apresentou uma proposta importante para ser discutida, para ser, aqui,
tratada. Agora, o Conselho Municipal da Criança e Adolescente de Porto Alegre é
um organismo composto por pessoas inteligentes, participativas, atuantes, e
acredito que estas pessoas sabem os espaços que eu, enquanto Presidente, a elas
cedi aqui na Câmara e que a Câmara, enquanto conjunto da sociedade, tem cedido
a estas instituições. Todo e qualquer Projeto que diga respeito à criança e
adolescente é um dever do Conselho buscar informações, sugerir, criticar,
opinar e assim por diante, se quiser, mas neste particular tem feito, tem
participado bastante. Eu acredito que a Câmara tem esta função de legislar, a
função de apresentar propostas, de discutir as suas propostas e, soberanamente,
decidir ouvindo, Ver. José Valdir, a participação da comunidade. Dizer-se que
cada ato relativamente à criança deve passar antes pelo Conselho é a mesma
coisa que a cada ato do Prefeito passe antes pela ouvida da comunidade, a cada
ato do Secretário que está subordinado deve passar antes, a cada ato do
Diretor, cada ato do servidor mais modesto da Cidade de Porto Alegre deve
passar antes por uma entidade, por exemplo, se é para capinar a rua, primeiro
tem que buscar a informação, vai ou não capinar. Eu acredito que a proposta é
interessante, porque visa à participação. Mas, não há esta necessidade. Eu,
particularmente, acredito que ela é equivocada, Vereadora, respeitando como
sempre respeitei. Vou votar contrário à proposta.
A Sra. Helena Bonumá: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não há esta sua preocupação de que antes passe lá.
Não vai interromper o processo legislativo. É concomitante ao processo
legislativo.
O SR. AIRTO FERRONATO: Mas, estes Conselhos, todos
os Conselhos de Porto Alegre, toda a proposta que a ele diz respeito, estes
Conselhos automaticamente procuram a Câmara. O próprio Conselho já usou a
Tribuna. Já existe esta participação efetiva do Conselho. Esta Câmara, Ver.
José Valdir, está aberta à comunidade. Tem a presença da comunidade aqui
dentro. Está permanentemente aqui. Eu acredito que não é correto fazer com que
a cada ato do Executivo ou do Legislativo deva haver esta consulta. Há
consulta. A Comissão de Justiça está convidando entidades de saúde para ouvir
um projeto relativo à saúde. Na verdade, eu acredito que há a possibilidade de
outras formas de participação do que neste sentido do projeto. Eu acho que não
há esta possibilidade, não é positiva. O Ver. José Valdir tem falado com uma
freqüência extraordinária sobre a participação no Orçamento Participativo aqui
na Câmara. O Orçamento Participativo, como apoiei no Executivo, apóio aqui
também. Sou favorável, até que a comunidade entenda as dificuldades que existem
na Administração da Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra para discutir o PELO nº 01/95.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, começo a análise do Projeto da Vera. Helena Bonumá lendo um parecer
que considero importante, porque é de um Conselheiro do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente - Sr. Rodrigo Stunf Gonzales. Confesso que não tenho absoluta
certeza de quem seja, mas provavelmente trata-se de um advogado, professor da
Unisinos, que esteve há poucos dias aqui falando em nome do Conselho Municipal.
Ele disse: “Cabe, entretanto, o cuidado de não tornar o parecer do Conselho, em
relação ao Projeto, como elemento impeditivo da tramitação. O que poderia levar
a uma argüição de inconstitucionalidade por intervenção de órgão vinculado ao
Poder Executivo na esfera de competência do Legislativo. O parecer do Conselho
Municipal da Criança e do Adolescente deve ter como objetivo oferecer
sugestões, propor alterações e subsidiar os Vereadores sem impedir a realização
de suas iniciativas. O crivo de aprovação ou de desaprovação caberá ao
Plenário, ressalvado o direito a Veto do Executivo”. Obviamente trata-se de um
parecer extremamente judicioso.
A Sra. Helena Bonumá: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de dizer que foi justamente esse parecer
que resultou na Emenda nº 1, de nossa autoria, que vem justamente atender ao
que esse parecer busca registrar. Consideramos que nosso texto estava ambíguo
e, como o parecer tem esse conteúdo, gostaríamos de precisar o texto com a
Emenda nº 1.
O SR. DILAMAR MACHADO: Vera. Helena Bonumá,
obviamente entendo a intenção de V.Exa.. Não tenho nenhuma dúvida que, para
esta Casa, prestigiar um organismo como o Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente é uma obrigação óbvia de cada um de nós.
Mas, talvez pelos cabelos brancos e pela vivência, sinto no ar a
impossibilidade de V.Exa. aprovar este projeto, com 22 votos, porque é uma
emenda à Lei Orgânica, se ele não partir de um acordo entre cavalheiros, e, no
caso, damas, Vera. Clênia. Parece-me que o único caminho, Ver. Lauro Hagemann,
é através das lideranças, dos líderes desta Casa em adotar medidas para
alcançar o objetivo da Vera. Helena Bonumá, que não é amordaçar a Câmara, que
não é interromper o trabalho das comissões permanentes da Casa. Inclino-me,
Vereadores, pela solução encontrada pelo nobre Ver. Luiz Fernando Záchia, ele
altera para a seguinte expressão: “Será enviada cópia do projeto para
manifestar-se, caso julgar necessário.” Parece que neste caso vamos atingir, em
tese, o objetivo de V.Exa., o que até seria desnecessário, pelo que eu conheço
do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, temos inclusive uma
representante da Casa no Conselho, a nossa colega Vera, que está
permanentemente por aqui. E a Vera é uma pessoa atenta, obviamente no momento
em que entrar em pauta um projeto que tenha qualquer ligação direta com o ECA, ela
tem a obrigação de pegar uma cópia e levar para o Conselho, e dizer que o Ver.
Ferronato apresentou um projeto, a Vera. Clênia apresentou um projeto.
De qualquer forma, acho que precisamos ser civilizados e, pelo menos,
prestigiar a iniciativa de V.Exa., até aceito os argumentos do líder da minha
Bancada, os do Ver. Pedro Américo, em parte. Não podemos nos enfiar numa
camisa-de-força, sob a alegação de que estamos contra a democracia
participativa, não é esse o caso. O Ver. Pedro Américo é contra, eu não sou, a
democracia participativa é um caminho aberto para o futuro; talvez estejamos
impregnados da representativa, porque somos representativos. Parece-me,
Vereadora, que a saída, à essa altura, seria um substitutivo de V.Exa. ao
próprio projeto, alterando-o.
O Sr. Nereu D’Ávila: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Note, V.Exa., que não é Projeto, é Emenda à Lei
Orgânica. Eu não admitiria a possibilidade, sequer, de discutir, se fosse na
LOM, porque essa é a nossa Constituição. Seria a mesma coisa que a Constituição
Federal ser alterada por uma coisa de terceira categoria. Pode ser em lei
ordinária, um acordo, um convênio com a Câmara. Na LOM, não contem comigo para
qualquer acordo.
O SR. DILAMAR MACHADO: É respeitável a posição do
Ver. Nereu D’Ávila. Vejo, Vera. Helena Bonumá, nesta minha manifestação, e
deixo com clareza intenção de prestigiá-la como Vereadora da Casa e fazer com
que a sua idéia vingue de alguma forma, e talvez, encontrarmos juntos o
caminho. Em vez da Emenda à LOM, uma lei ordinária, que teríamos por acordo,
uma tramitação rápida, urgente, porque, de qualquer forma, o bojo da questão é
esse: Estatuto da Criança e do Adolescente e o Conselho devem ser prestigiados.
Com relação à coerência política, quero deixar ao Companheiro José Valdir um
convite para que na próxima segunda-feira esteja conosco no Plenário para
analisarmos juntos um Decreto assinado hoje pelo Prefeito Tarso Genro. Tenho
certeza de que V.Exa. terá uma aula de coerência política. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está
com a palavra para discutir o PELO nº 01/95.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. O direito romano conhecia a figura da “capitis diminutio” máxima,
média e mínima. Era um dispositivo institucional na elaboração do direito, uma
das figuras centrais. Era um mecanismo, que depois ultrapassou os tempos, e
hoje, ainda, se expressa em determinadas situações. Esse dispositivo
estabelecia uma espécie de bloqueio, uma limitação do direito da pessoa, das
instituições, na elaboração da lei. Tínhamos, por exemplo, o escravo; ele
sofria uma “capitis diminutio” máxima, o seu campo de ação, de liberdade, era
absolutamente restringido. Apenas para citar, Sr. Presidente, porque o que eu
quero aqui citar é uma questão de ordem de ciência na elaboração da lei. Toda
ciência tem as suas regras, os seus mecanismos. A questão da autonomia. Mas,
afinal, o que é autonomia? Eu defendo a autonomia como princípio soberano de
ação, pois bem, pretende a Vereadora Helena Bonumá estabelecer na elaboração
legislativa, incluir uma instância que a meu entender compromete a natureza do
processo legislativo. Se nós examinarmos a legislação, a história da legislação
brasileira e internacionais nós não vamos encontrar um mecanismo dessa
natureza. O que é diferente. Por exemplo, a Lei Orgânica é copiosa na
participação popular. Assegura a participação popular, inclusive, na elaboração
da lei, quanto a iniciativas. Mas, jamais a democracia participativa, a
participação pode estabelecer uma “capitis diminutio”, ao exercício pleno da
elaboração da lei.
O Prefeito, por exemplo, é da natureza da sua função a iniciativa da
lei e da sanção. Ninguém pode tirar esta prerrogativa do Sr. Prefeito Municipal
sob pena de subvertermos esse processo. Então, a preocupação que se coloca não
é a participação popular no processo, e diria da participação especializada no
processo da elaboração da lei. Parece-me que outros mecanismos deveria a
Vereadora Helena Bonumá buscar para atender a sua idéia, que é boa. Eu diria,
até, que uma disposição dentro dessa linha de pensamento que eu reputo,
excelente, é a autorização, ou seja, a anuência dos moradores de determinada
rua para nominar-se a referida rua. Isso aí é uma participação popular excelente,
só que não se pode entregar a outras instâncias que não à Câmara Municipal de
Porto Alegre, que é a maior expressão da vontade popular. Não é associação, não
é conselho, não é isso ou aquilo. É a Câmara Municipal, porque ela tem a
vontade expressa plenamente pela população nas diferentes siglas e
representações.
Mas eu queria dizer que contraria princípios fundamentais da autonomia
que devem ter as organizações, a inclusão de uma nova instância no processo
legislativo, que pertence à Câmara Municipal e ao Prefeito Municipal. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão geral
- 3ª Sessão do PELO nº 01/95.
Em votação Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol solicitando alteração
na ordem de apreciação dos projetos da Ordem do Dia, priorizando os projetos de
fls. 09 e 11, PLL nº 16/96 e PR nº 03/96.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO o
Requerimento.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
NOMINAL
PROC. 0535/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/96, de autoria do Ver. Raul
Carrion, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
Eloy Martins.
Observações:
- para aprovação, voto favorável de dois terços dos
membros da CMPA - Artigo 82, § 2º, IV, da LOM;
- votação nominal nos termos do Artigo 174 do
Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do dia por força do Art. 81 da
LOM.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Raul Carrion, solicitando seja a discussão do PLL nº 16/96 adiada por uma
Sessão.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0368/96 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/96, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o
título honorífico do Líder Comunitário ao Senhor Amaury Colares Osório.
Pareceres
- da CCJ.
Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Décio Schauren: pela
aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 03/96.
(Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimentos encaminhados à Mesa.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos nºs 50 e 58/96, conforme consta
da Ata.)
Requerimento nº 60/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que requer
que esta Casa faça publicar um Apedido de apoio de instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, para investigar o sistema Financeiro Nacional.
Consulto o Ver. Henrique Fontana, face à aprovação do Requerimento anterior, de
nº 58/96, se V.Exa. quer manter o Requerimento.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, mantenho o
Requerimento, porque ele propõe que a Câmara torne pública a sua posição
através de um A Pedido nos jornais de grande circulação no nosso Estado, o que
terá um impacto político importante sobre a disputa em relação ao tema.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa, então, coloca em
votação o Requerimento nº 60 do Ver. Henrique Fontana.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem) : Estão
indicados recursos para que esta publicação seja feita?
O SR. PRESIDENTE: Eu informo a V.Exa. para que
o Processo se limita ao Requerimento. Não tem mais nenhuma outra instrução no
Processo.
O SR. JOÃO DIB: A Mesa deve dizer; eu
apresentei um Projeto de Lei, Sr. Presidente, onde eu propunha o prêmio de dois
salários mínimos. Por ser objeto de despesa, só a Mesa onde fazer tal Projeto e
tal Resolução. A Mesa poderia fazer a despesa ou não.
O SR. PRESIDENTE: Eu defiro a Questão de Ordem
do Ver. João Dib.
O SR. HENRIQUE FONTANA
(Questão de Ordem) : Só no sentido de promover mais um questionamento para ajudar, antes da
suspensão da Sessão. Eu não tenho lembrança clara, mas em outro momento a nossa
Câmara já tomou decisão semelhante, onde o Plenário aprovou um tipo de Moção
dessas, e foi aprovada a publicação nos meios de comunicação, nos jornais de
circulação da cidade.
O SR. PRESIDENTE: Eu levarei em conta as
ponderações de V. Exa.. Os trabalhos estão suspensos para me orientar com a
Diretoria Legislativa.
(Suspendem-se os trabalhos às 27h34min.)
O SR. PRESIDENTE (às
17h37min.) : Estão
reabertos os trabalhos. A Mesa informa que chegou, assessorada pela Diretoria
Legislativa, à orientação de que colocará a matéria em votação. Se houver a
decisão, não importa se favorável, do Plenário, a matéria será encaminhada à
Mesa para viabilizar ou não um aspecto econômico-financeiro que envolve os
gastos da publicação. Nessas condições, eu penso ter respondido a Questão de
Ordem do Ver. João Dib. Em votação. (Pausa.) O Ver. João Dib solicita votação
nominal.
Solicito ao Ver. Mário Fraga que assuma a presidência dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga) : Em
votação o Requerimento nº 60/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana. (Após a
chamada.) APROVADO por 15 votos SIM, 06 votos NÃO.
Enviaremos a matéria à Mesa Diretora para ver da viabilidade
orçamentária.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0923/96 -
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 02/96, da Comissão de Constituição
e Justiça, que autoriza o Sr. Prefeito a afastar-se do Município, de 16 a 23 de
abril de 1996, para viajar aos Estados Unidos.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PDL nº 02/96 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem) : Só
para registro, há treze anos, quando o Prefeito João Dib solicitou em condições
semelhantes autorização para ir aos Estados Unidos, onde se encontravam as
maiores cidades da América, a Câmara discutiu a tarde inteira. Leva o meu voto
favorável agora, vejam como as coisas mudaram.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento nº 64/96, de
autoria do Ver. José Valdir, solicitando seja convidada a Sra. Nelcinda Aguirre, Presidente do Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente para falar sobre o atendimento prestado
às crianças pelas entidades que tiverem seus convênios sustados, recentemente,
pela FEBEM.
O SR. REGINALDO PUJOL
(Questão de Ordem) : Essa Questão de Ordem se fundamenta na busca da deliberação correta da
Casa. Eu consulto esse comparecimento?
O SR. PRESIDENTE: Eu entendo que seja segunda-feira,
e quarta-feira à tarde, ou sexta-feira pela manhã. Não está explícito qual o
horário, está implícito que é nas Sessões Ordinárias da Casa.
Em votação o Requerimento. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra,
para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a intenção do Ver. José Valdir acredito que seja muito boa, muito
positiva, de se esclarecer a respeito de assuntos relacionados à FEBEM e ao
Centro Comunitário da Vila Orfanatrófio I, II, etc. O problema é que não
podemos inaugurar de novo neste ano, porque já tínhamos parado no ano passado
de ficar trazendo pessoas no Plenário da Câmara. Temos uma Comissão de Educação
aqui na Casa que ontem ainda tinha a Sra. Nelcinda Aguirre, Presidente do
Conselho Municipal, participando da reunião e até o próprio José Valdir
compareceu na reunião. Apelo ao Ver. José Valdir para que levássemos a Sra.
Presidente à Comissão de Educação da Casa. Nós teríamos o máximo prazer em
receber o Ver. José Valdir para fazer todos os questionamentos que quisesse à
Presidente do Conselho, mas não submeteremos todo o Plenário da Casa. Vejam que
hoje ainda não votamos nenhuma matéria. Se inaugurarmos esse procedimento de
novo, de trazermos as pessoas ao Plenário para ficar expondo e depois com o pronunciamento
de dez Vereadores ocupantes uma tarde inteira em um assunto que pode ser
tratado com tranqüilidade, dentro da Comissão de Educação, sem problema algum.
Tenho certeza de que a Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança
e do Adolescente não terá problema. Mesmo quando convidamos o Ver. José Valdir
para falar a respeito do Projeto das sinaleiras e da FESC, quando ele presidia,
nós convidamos lá na Comissão de Educação, e não para vir ao Plenário, porque
lá era o local adequado.
Apelo ao Ver. José Valdir, no sentido de que encaminhasse a sua
solicitação para que a Sra. Nelcinda Aguirre fosse ouvida na Comissão de
Educação e não no Plenário da Casa, essa seria a emenda. Concordamos que seja
convidada a Sra. Nelcinda Aguirre, Presidente do Conselho Municipal, porque é
sempre importante trazer esclarecimentos a esta Casa e informar aos Vereadores
os trabalhos que são desenvolvidos pelo Conselho, mas temos que deixar a
prática do Plenário para aquele trabalho que é fundamental para nós, enquanto
isso as comissões podem trabalhar de forma tranqüila em seus horários, como
temos aqui vários problemas que são trazidos nesta Casa, nas várias comissões.
Vejam que naquele outro dia, em que veio aqui o pessoal dos surdos-mudos, todas
as Comissões se arvoraram em querer falar e convidamos a todos para irem lá,
ninguém compareceu à uma e meia. A Vice-Presidente da Entidade chegou faltavam
10min. para as 2h. E de todos os Vereadores que tinham se arvorado em discutir
a matéria, apenas a Vera. Maria do Rosário, que era de outra Comissão,
compareceu, para honra e satisfação da Comissão de Educação. Vejam, nem a
Presidente da Comissão lá compareceu! Nada contra a proposta do Ver. José
Valdir na essência de convidar a Presidente do Conselho para aqui comparecer.
Mas não gostaria que esta Casa inaugurasse este ano de novo esta prática de
trazer aqui, nos dias de Plenário, já curtos para discutirmos questões
fundamentais aos Projetos que estão tramitando na Pauta, e a votação dos mesmos
- vejo que, hoje, não votamos nenhum até esta hora -, porque, de repente, vamos
iniciar novamente esse procedimento de trazer pessoas, instituições, entidades
ao Plenário.
Então, apelaria ao Vereador no sentido que entendesse, não há nenhuma
oposição nossa a que seja ouvida a Presidente do Conselho dos Direitos da
Criança e do Adolescente, mas este local não parece ser adequado. Este é um
exemplo prático dos Deficientes Auditivos - APADA -, depois que saíram do
Plenário, perderam o interesse, nem o próprio Presidente foi lá. Quer dizer,
vejam que teríamos perdido um tempo imenso da Sessão Plenária naquele dia, se
não tivéssemos feito uma intervenção até convidando a APADA a comparecer no
outro dia na Comissão de Educação. Neste sentido fica o nosso apelo, mudança de
destinação, em vez do Plenário, aprovarmos o Requerimento, mas que o autor
modificasse, e seriam ouvidos na Comissão de Educação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje, em inflamado pronunciamento, enfatizou a coerência dos Vers.
Pedro Américo Leal e João Antônio Dib, a respeito de determinado assunto.
Proclamaram, como eu, a admiração que temos pelas pessoas coerentes. Quero
colocar, desde logo, que o que me traz à tribuna é a coerência. Todos são
testemunhas de que, durante todo o ano passado, 1995, amiudamente discuti essas
convocações, sustentando que as mesmas criavam grandes dificuldades para os
trabalhos. Mesmo aquelas que, antecipadamente, estabeleciam que o convite era
para comparecer durante o Grande Expediente ou durante as Comunicações, mesmo
aquelas nós sustentávamos que traziam tumulto para os trabalhos. De vez que nós
já estamos em abril, dois meses transcorridos deste ano Legislativo, nós já
estamos com inúmeras matérias para votar há vários dias. Existem matérias que
estão sendo analisadas pela Casa. Há cerca de 30 dias, e não são votadas.
Outras tantas estão entrando e não são votadas também. Então, eu quero colocar
claramente o seguinte: se for atendida a sugestão do Ver. Jocelin Azambuja de
que esta Senhora seja convidada a se manifestar perante a Comissão de Educação
e Cultura, eu apóio. E sei que a Comissão de Educação e Cultura haverá de abrir
esta exposição para todos aqueles Vereadores que tiverem interesse de tomar
conhecimento da posição da ilustre Presidente do Conselho Tutelar e queiram com
ela debater. Os demais virão ou não. O que eu discordo é que ela possa vir
durante a Sessão normal, até porque isto não está explícito no Requerimento, o
que, no meu entendimento, o torna impraticável de ser votado na tarde de hoje,
porque não é explícito.
Nós estamos deliberando um convite que pode ser para uma senhora
comparecer lá na Sala da Presidência ou em qualquer lugar da Casa, mas não aqui
no Plenário, durante o desdobramento da Sessão normal da Casa. Para que tal
ocorresse era preciso ser indicado em que parte da Sessão e em que dia ela
haveria de comparecer. Nada disso está colocado. Se não houver esta complementação
do Ver. Jocelin Azambuja que transfere para a Comissão de Cultura e Educação a
audiência requerida pelo Ver. José Valdir, eu, antecipadamente, me manifesto
contra, vou votar contra, não é uma desatenção ao Ver. José Valdir, é uma
coerência minha e entendo que a Casa deva concordar com esta posição, e peço
mais, peço ao Ver. José Valdir que concorde com a sugestão do Ver. Jocelin
Azambuja, porque ele tranqüilizará a todos nós que haveremos de apoiá-lo na sua
iniciativa, que é respeitosa, que trata de um assunto importante e que pode
muito bem ser colocada até com resultados muito mais concretos na Comissão
específica que cuida da matéria e que já teve oportunidade de outras vezes
ouvir essa convida. Por isso, a posição fica colocada. É uma medida de
coerência. É em homenagem ao bom andamento dos trabalhos e é para evitar
situação de constrangimento que muitas vezes aqui chegam as pessoas convidadas,
num horário que, às vezes, não é o mais oportuno e tem que se submeter, como se
submeteram há pouco tempo ilustres representantes da CNBB que aqui tiveram,
constrangidamente, de ouvir debates com os quais eles não tinham absolutamente
nenhuma responsabilidade e não tinham gerado nenhuma situação. Na mesma linha,
socorre-me a Vera. Maria do Rosário, que nós nos manifestamos naquela ocasião
pedindo que fosse explicitado o dia, o horário e o momento para evitar situação
como aquela, eu solicito ao Ver. José Valdir que concorde com o Ver. Jocelin
Azambuja e com isso, dirima de uma vez o problema, porque ninguém nesta Casa é
contrário que ele leve avante o seu intento. Está se discutindo a forma pela
qual ele o fará. Se fizer pela forma que nós julgamos adequada, terá o nosso
apoio, caso contrário, coerentemente, iremos votar contrariamente. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José
Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que estou pedindo - que esta Câmara convide a Presidente do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e dos Adolescentes a debater - não é
um assunto específico da Comissão presidida pelo Ver. Jocelin Azambuja. É um
assunto muito mais amplo que até tem muito mais a ver com a Comissão de
Justiça, porque é uma afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente que nós
estávamos discutindo aqui e é um assunto da maior amplitude e gravidade que
está acontecendo na cidade. Se fosse um assunto particular, assunto específico,
eu concordaria plenamente que alguma Comissão pudesse suprir a vinda dela ao
Plenário. Ocorre que a FEBEM, simplesmente, cancelou os convênios de repasse de
recursos para entidades não-governamentais. Cito aqui o Centro Comunitário da
Vila Orfanatrófio I, a Vila Orfanatrófio II, a Sociedade dos Pobres Servos da
Divina Providência, o Centro Social Padre João Calábria, o Albergue João Paulo
II e a Pequena Casa da Criança que tiveram os convênios cancelados sem ser
comunicado ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, numa
verdadeira afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
O que estou tentando fazer é com que a Presidenta do Conselho, que é a
autoridade nesse assunto, venha esclarecer a todo o Plenário - não à Comissão
do Ver. Jocelin Azambuja simplesmente - a situação em que estão essas crianças
neste momento. Não especifiquei a hora, porque poderiam me acusar de
inviabilizar. Então, estou deixando o horário em aberto justamente para que num
acordo, se chegue a estabelecer o melhor horário para causar o mínimo de
transtorno às Sessões e possibilitar, por outro lado, que esta Casa se inteire
dos fatos graves que estão ocorrendo. Isso significa que estão querendo fazer a
municipalização na marra, sem discussão com ninguém. Simplesmente cortam
recursos oriundos do Governo do Estado, enquanto discutimos a Emenda da Vera.
Clênia Maranhão, que queria que o Município ampliasse de 24 para 40 convênios,
o que foi conseguindo, através de negociação, com a influência da Emenda da
Vereadora.
Então, não adianta o Município ampliar o atendimento à criança e ao
adolescente e o Estado reduzi-lo. Esse é um problema grave da Cidade, a menos
que a Câmara, mais uma vez, faça valer a Lei de Einstein. Quando é para
discutir um problema de falta de atendimento, cujo causador é o Executivo
Municipal, somos convocados a todo o instante - como o Ver. Jocelin Azambuja me
convocou - para discutir questões importantes e para discutir questiúnculas
aqui. Agora, com uma questão importante dessas, a Câmara vai se negar a
convidar a Presidente do Conselho para vir aqui esclarecer o Plenário sobre a
situação dessas crianças que estão sem atendimento, porque a FEBEM,
unilateralmente, cortou os convênios, ou esta Câmara acha que isso não é um
problema da Cidade de Porto Alegre? É uma questão importante, Ver. Reginaldo
Pujol. Não adianta nós queremos colocar desculpas de que não está especificada
a data. Não coloquei a data de propósito, que é justamente para esta Casa ver a
melhor forma e compatibilizar a necessidade de ouvir a Presente do Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente para nos esclarecer a situação dessas crianças
e compatibilizar com o bom andamento dos trabalhos. Se os trabalhos não andam
corretamente aqui, não é culpa do Ver. José Valdir. Vide hoje, já está
acontecendo um costume: às cinco e meia o Presidente vai embora desta Casa. É
preciso que se diga. Às cinco e meia o Presidente não está mais aqui. Tudo bem.
Então, Vereadores, a Sessão vai até mais tarde. Eu estou com esse Requerimento
para ser votado há mais de duas semanas, para que esta Câmara tome conhecimento
de um assunto de extrema gravidade que está acontecendo na Cidade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn) : Esclareço
aos Srs. Vereadores que eu estava em reunião com pessoas encarregadas da
comemoração dos 10 anos da Câmara de Vereadores, que se realizará dia 10 de
maio. Entre elas, o Sr. Luiz Coronel, que editou uma obra comemorativa à data.
Neste momento saí dessa reunião.
O SR. MÁRIO FRAGA: Quero informar que sou o
segundo Vice-Presidente da Casa. É minha função substituí-lo.
O SR. PRESIDENTE: Nessa condição V.Exa. se
encontrava presidindo os trabalhos.
O Sr. Nereu D’Ávila está com a palavra para encaminhar o Requerimento
nº 64/96.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. O Ver. José Valdir tem que tomar Gardenal, porque está muito acelerado.
Nunca, que eu me lembre, foi cobrado ausência do Presidente no Plenário. Ele é
Presidente da Casa, tem que representá-la nas solenidades, institucionalmente,
a qualquer momento. O Vereador, na ânsia de seus argumentos e que muitas vezes
são procedentes, eu admito, mas não tem o direito de vociferar contra tudo e
contra todos. Nessa questão específica de encaminhamento, eu creio que houve um
avanço entre nós e isso tem trazido notórios avanços. Eu tenho visto e ouvido
aqui no Plenário, e em outros locais, debates, pessoas que afluem, numa maneira
maravilhosa, democrática, nas comissões, para debater. A comissão do Vereador
Pedro Ruas, na questão da Florianópolis, por exemplo, tem debates homéricos com
o Vereador Clovis Ilgenfritz, exatamente, porque vem uma multidão. O Vereador
Gregol que já terminou o seu trabalho. O Vereador Lauro corria de lá para cá,
porque queria participar de duas reuniões de comissão e era relator de uma. Os
Vereadores se esforçam muito nas comissões. Ontem, mesmo, da Comissão de Educação,
nós participamos em dois locais: um lá em cima, com a Vera. Maria do Rosário,
que nos honrou com a sua presença na Comissão de Educação, abordando a questão
importante dos surdos-mudos, e, depois, aqui, neste Plenário, compareceram
oito, dez conselheiros, e mais a própria presidente do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente. Então, há maior agilidade nas comissões.
Ontem, a Senhora Mariza fez um pronunciamento, embora eu não
concordasse, de uma clareza muito grande, enfim, demonstrando conhecimento
sobre a matéria sobre a qual ela falava. Hoje, nas comissões, existe maior
dinâmica nos debates. E, aqui, no Plenário, com todo o respeito, ele se excita
em certas coisas e aí ele se torna pesado, se torne muito prolixo, quando ele,
através das nove bancadas, resolve se manifestar. A questão no Plenário tem os
melindres especiais em que os objetivos, muitas vezes, não são alcançados. Isso
é um prática, não é uma sugestão. É uma prática que não vem sendo alcançada,
enquanto que as comissões, que são dinâmicas, os debates têm sido muito, muito
bons. Eu não vejo por que o Ver. José Valdir faz verdadeiras alucuções verbais
fortes quando ele é contrariado. Ele não pode dizer a famosa frase: “O conjunto
da sociedade”, e que nós não estamos querendo ouvir a sociedade. Ele não pode
colocar nesse contexto. Na verdade, a sociedade está aqui dentro. Nós a
queremos aqui dentro. Nós queremos e necessitamos da participação dela e as
comissões são esse veículo. Na Assembléia, por exemplo, há uma subcomissão de Habitação.
Eu vi a foto no jornal de alguns Vereadores debatendo com o deputado Vieira da
Cunha e outros sobre a questão da Guerino e outras que são importantes para
aqueles moradores. É uma subcomissão. Imaginem se a Assembléia vai levar cada
assunto para o Plenário. Então, eu não vejo problema da diminuição da
importância da autoridade técnica nas comissões. No Congresso Nacional é a
mesma coisa. O Ministro da Fazenda, que é a figura mais importante da
nacionalidade, normalmente vai a Comissões e não ao Plenário. Eu não vejo por
que o Vereador está tão indignado. Ontem ocorreu o maior exemplo aqui, com uma
belíssima discussão, com pessoas de todos os partidos, de todas as regiões, os
conselheiros e a própria presidente do conselho. Eu fui informado, ontem à noite,
que foi eleita uma nova presidente do Conselho. Se isso aconteceu, nós estamos,
inclusive, pedindo uma presença que não se sabe se é da presidente.
Nós, quando tomamos uma diretriz aqui, não podemos seguir a teoria da
relatividade de Einstein. Eu estou argumentando com a dinamicidade das
comissões, o prestigiamento das comissões, que, aos poucos, vêm se
autoprestigiando. Não precisa que nós induzamos os presidentes a trabalharem.
Eles estão trabalhando e a população está dando respaldo. Eu continuo com a
mesma tese: prestigiamento das comissões até para dar maior agilidade aos
trabalhos desta Casa. Eu sou contrário a que a ilustre presidente venha ao
Plenário e que vá a qualquer comissão. Se o Ver. José Valdir tem problemas com
o Ver. Jocelin, que vá à Comissão de Justiça ou qualquer outra, que os das
outras comissões irão lá, como a Vera. Maria do Rosário foi ontem na Comissão
de Educação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra, para encaminhar.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o Ver. José Valdir tem o mérito de trazer para o Plenário, através
desse Requerimento, um tema da maior grandeza. É certo que estamos discutindo o
Requerimento, mas não podemos discuti-lo sem considerar o tema que o Ver. José
Valdir pauta para o Plenário e busca que este Plenário, como um todo, enquanto
Câmara Municipal de Porto Alegre acolha para a discussão. A proposição do Ver.
José Valdir não pode ser, em nenhum momento, considerada como um
desprestigiamento às Comissões, muito ao contrário, Srs. Vereadores, toda a
nossa Bancada, o Ver. José Valdir, a nossa participação nas Comissões, tem sido
assim como a dos Srs. Vereadores, uma participação de prestigiamento das
Comissões no entanto, é verdade, também, que o Plenário da Câmara Municipal de
Porto Alegre tem um peso político muito importante, quando ele se propõe a
debater determinada questão, até, Ver. Nereu D’Ávila, por estar fazendo tão
criteriosamente a escolha dos temas que vêm diretamente ao Plenário e por
termos todos nós optado pelo prestigiamento das Comissões. Então quando
escolhemos um tema para vir ao Plenário é porque esse tema, de fato, é
assinalado para a sociedade, como um todo, como um tema absolutamente
importante para a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Então, quero destacar aos Senhores que, se aprovarmos por maioria, se
aprovarmos a proposição do Ver. José Valdir, estaremos dizendo para Porto
Alegre que dentre todos os temas que são importantes para esta Câmara Municipal,
este tema é o mais caro: o atendimento, a garantia de direitos para crianças e
adolescentes, não somente no papel, para aqueles que estão sofrendo pelo fim de
determinados convênios, Ver. João Dib, que significa um prato de comida a menos
na mesa do almoço, significa uma professora a menos durante a tarde. Este tema,
Srs. Vereadores, ele não é mais um tema, é significativo nas nossas vidas e na
nossa dimensão enquanto homens e mulheres com vida pública. Então, temos que
aprovar isso para que o Plenário analise em primeiro lugar, o conjunto dos
Vereadores, tendo em conta a dimensão deste problema e até para a continuidade
das Comissões pertinentes - a Comissão de Educação, a Comissão de Direitos
Humanos, - para que não se termine no momento em que nós estivermos debatendo a
questão. Sou testemunha do trabalho de cada um de nós e nunca pegamos um tema
para somente fazermos dele uma vitrine, que apareça, mas todos nós temos o
compromisso de darmos continuidade nestes temas para que dêem solução, especialmente
quando se trata da vida, de situações de vida, da qualidade de vida de cidadãos
de Porto Alegre, especialmente das crianças e dos adolescentes. Acho salutar os
argumentos do Ver. Nereu D’Ávila e outros que me antecederam, tentando levar o
debate para as Comissões. Colocamos um debate acerca de quem, de verdade,
deverá assumir esta matéria. Significa que todos nós estamos dispostos a
assumi-la. Isto é muito importante.
Ao aprovarmos o requerimento do Ver. José Valdir, neste momento, é
sinalizarmos, Ver. Jocelin Azambuja, para Porto Alegre que este é um tema
importante, tanto que estamos usando os art. 137, 138, 139, estamos utilizando
a nossa Lei Orgânica Municipal dizendo que ele é prioridade. Por isso paramos
por alguns momentos a nossa atividade cotidiana do Plenário para dizer: a
Câmara inteira se volta para esta questão. E deve-se voltar.
É esse o encaminhamento que quero fazer, dizendo a todos os Senhores
que confio na aprovação desta matéria, porque não vamos abrir mão das nossas
prerrogativas, porque este é um tema de fato especial. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Visivelmente não há quórum.
(Encerra-se a Sessão às 18h24min.)
*****